Europa gasta mais de 100 bilhões de euros ao ano com câncer
Segundo levantamento inédito, câncer de pulmão é o principal tipo da doença responsável pelos maiores gastos
Pela primeira vez, foi calculado o impacto econômico real gerado câncer na Europa. Segundo o levantamento, o custo total da doença no continente, que inclui tanto cuidados à saúde quanto redução da produtividade, é de 124 bilhões de euros por ano, sendo o de pulmão o tipo de câncer que requer mais gastos na região. Esses dados serão apresentados no ESMO 2012, o Congresso da Sociedade Europeia de Medicina Oncológica, que começou nesta sexta-feira em Viena, na Áustria.
O estudo, feito na Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, levou em consideração os custos de cuidados de saúde primários, serviços hospitalares e medicamento. Eles também calcularam o impacto financeiro dos cuidados de saúde informais e da perda de produtividade provocada pelo câncer. O levantamento se baseou em números de instituições oficiais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e os ministérios da saúde dos países europeus.
Segundo o levantamento, embora o câncer de pulmão seja o tipo da doença responsável pelo maior custo geral na Europa – o custo da condição para o continente é de 19 bilhões de euros ao ano – o câncer de mama é aquele que corresponde aos maiores gastos com cuidados à saúde especificamente. Com essa doença, a Europa gasta anualmente seis bilhões de euros – o que representa 13% dos custos totais do continente com câncer.
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Nações – O menor custo per capita com cuidados à saúde de pacientes com câncer foi observado na Lituânia (32 euros por ano), e o maior, na Alemanha (165 euros por ano). De acordo com Ramon Luengo-Fernandez, coordenador do estudo, os países que apresentam os maiores gastos per capita com câncer tendem a ter maior renda nacional e geralmente estão localizados no centro ou norte da Europa. Por outro lado, as nações com os menores gastos geralmente são aquelas que aderiram à União Europeia em 2004 e que possuem menor renda nacional.
“O câncer representa um considerável encargo econômico não apenas para o sistema de saúde, mas também para outras áreas da economia, incluindo a perda de produtividade com a mortalidade precoce, pelo tempo fora do trabalho ou então por parentes que têm de renunciar o emprego para cuidar de pacientes com câncer”, diz Luengo-Fernandez.
Qualidade de vida – Para ilustrar outras formas de o câncer impactar a vida das pessoas, a pesquisa também citou dados de um levantamento feito em alguns países da Europa entre 2010 e 2011 e que envolveu mais de 100.000 adultos. Segundo esse estudo, pessoas que cuidam de pacientes com câncer, em comparação com os outros indivíduos, sofrem mais de dores físicas, têm pior saúde mental, faltam mais no trabalho e têm uma maior chance de serem hospitalizadas em um período de seis meses. Esses indivíduos, a pesquisa mostrou, apresentam o dobro de chance de sofrer de ansiedade ou insônia e 50% mais riscos de terem depressão.