Estudo encontra relação entre autismo e pesticida
Pesquisadores descobriram que grávidas que vivem perto de plantações que fazem uso de pesticida correm maior risco de terem filhos autistas
Bebês expostos, ainda no útero materno, a maiores níveis de pesticida correm um risco maior de ter autismo, segundo concluiu uma pesquisa americana publicada nesta segunda-feira na revista médica Environmental Health Perspectives.
De acordo com o estudo, grávidas que vivem perto de fazendas ou plantações que fazem uso de pesticida têm até 66% mais probabilidade de ter um filho autista. O risco é ainda maior caso essa exposição ocorra durante o segundo e o terceiro trimestres da gestação.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Neurodevelopmental Disorders and Prenatal Residential Proximity to Agricultural Pesticides: The CHARGE Study
Onde foi divulgada: periódico Environmental Health Perspectives
Quem fez: Janie F. Shelton, Estella M. Geraghty, Daniel J. Tancredi, Lora Delwiche, Rebecca Schmidt,Beate Ritz,Robin L. Hansen e Irva Hertz-Picciotto
Instituição: Universidade da Califórnia em Davis, Estados Unidos
Resultado: Grávidas expostas a maiores níveis de pesticida – ou seja, que vivem perto de locais onde há uso da substância – correm maior risco de ter filhos autistas.
“Esse estudo valida pesquisas anteriores que relataram uma associação entre autismo e exposição pré-natal a pesticidas”, diz a coordenadora do trabalho, Janie Shelton, pesquisadora da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos. “Ainda precisamos estudar quais são os grupos de pessoas mais vulneráveis, mas a mensagem é muito clara: mulheres grávidas devem tomar cuidado para evitar contato com agrotóxicos.”
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Os autores do estudo compararam dados de 1 000 pessoas que haviam participado de um levantamento sobre famílias de crianças autistas na Califórnia. Eles coletaram informações como o local onde as mães das crianças moravam quando estavam grávidas e a distância entre suas residências e lugares com uso de pesticida. Segundo as conclusões, quanto mais próximas eram as casas das famílias a esses locais, maior a incidência de nascimento de crianças autistas.
Os cientistas acreditam que o desenvolvimento cerebral do feto deve ser particularmente sensível aos pesticidas. “Na gestação, o cérebro desenvolve sinapses, que são os espaços entre os neurônios onde os impulsos elétricos passam a mandar mensagens ao corpo. Essa formação é muito importante e pode ser a mais afetada pelos pesticidas”, diz Irva Hertz-Picciotto, vice-presidente do Departamento de Saúde Pública da Universidade da Califórnia em Davis e uma das autoras do trabalho.
(Com AFP)