Sequestro de estudantes pelo Boko Haram completa 500 dias
Enquanto ativistas preparam uma passeata na capital da Nigéria, especialistas descartam a possibilidade de resgatar as meninas. 'Já não há esperanças', disse um analista
A Nigéria lembra nesta quinta-feira 500 dias do sequestro das mais de 200 estudantes de Chibok pelo grupo terrorista Boko Haram, no momento em que diminuem as esperanças de resgatá-las, apesar dos avanços militares contra o grupo jihadista. Apesar da ampla campanha internacional mobilizada, que contou com o apoio de personalidades como Michelle Obama e Angelina Jolie, e dos esforços militares, o destino das meninas segue sem ser conhecido e teme-se que tenham sido vendidas como escravas.
Para o analista de segurança Fulan Nasrullah, especialista no grupo Boko Haram, “já não há esperança” de encontrar as meninas de Chibok. “A maioria teve filhos e foi obrigada a se casar com seus sequestradores. Muitas outras foram vendidas no mercado mundial do sexo e provavelmente estão sendo prostituídas no Sudão, Dubai ou Cairo”, disse o especialista. O analista disse que também é possível que outras das meninas sequestradas tenham morrido tentando escapar de seus captores ou que tenham perecido nos bombardeios aéreos que os militares lançam contra os acampamentos dos jihadistas.
Leia também
Presidente da Nigéria dá prazo de 3 meses para o Exército acabar com o Boko Haram
Boko Haram tem novo comandante, diz presidente do Chade
Forte explosão em mercado da Nigéria deixa 50 morto
Nesta quinta, o movimento ‘Bring Back our Girls’ (tragam de volta nossas meninas) planeja organizar uma grande marcha em Abuja, capital federal da Nigéria, com o objetivo de lembrar os 500 dias desde o sequestro. Para os ativistas, ainda há esperanças. A porta-voz do grupo, Aisha Yesufu, lembrou que o novo presidente nigeriano, Muhamadu Buhari, deu sua palavra de que fará todo o possível para que as meninas sejam resgatadas e devolvidas aos seus pais, para que possam retornar à escola e seguir com suas vidas. “Esperamos que o novo governo faça o que precisa ser feito”, acrescentou.
Os jihadistas invadiram no dia 14 de abril de 2014 a escola de Chibok, no Estado de Borno, e conseguiram sequestrar 276 meninas. Embora 57 das sequestradas tenham conseguido escapar, o destino das outras 219 continua sendo incerto. Um mês depois do rapto, o grupo publicou um vídeo no qual mostrava uma dezena delas vestidas de preto recitando o Corão.
Avanços – Há alguns meses, o Boko Haram foi repelido de vários territórios no nordeste da Nigéria nos quais havia se instalado desde o início de sua ofensiva, em 2009. O exército nigeriano, apoiado por contingentes de países vizinhos, especialmente do Chade e do Camarões, lançou desde o início de 2015 golpes significativos contra os jihadistas, deslocando-os dos núcleos urbanos. Centenas de pessoas que haviam sido sequestradas pelo Boko Haram foram libertadas nestas operações, sem que tenha sido possível resgatar as meninas até o momento.
(Da redação)