Professores em greve saquearam e queimaram várias urnas neste domingo na cidade de Oaxaca, no sul do México, em boicote às eleições. A ação organizada pela pela Confederação Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE) ocorreu em pelo menos quatro sessões eleitorais de Oaxaca. Além disso, um grupo de pessoas com o rosto coberto destruiu usando paus e pedras várias câmeras de vigilância instaladas no centro da cidade. Na cidade de Tixla, onde está a escola rural dos 43 estudantes que desapareceram no ano passado, os protestos provocaram o cancelamento do pleito, que foi adiado para o dia 4 de outubro. Sem qualquer presença policial, estudantes armados de paus brigaram com funcionários eleitorais, que defendiam as urnas, sem sucesso.
Para os líderes sindicais de Oaxaca, o ato foi uma “queima simbólica” que expressa a rejeição ao pleito, que consideram como uma “farsa”. Serão escolhidos os representantes de 2.016 cargos em nível nacional, estadual e municipal.
O roubo das urnas ocorreu durante uma grande manifestação de professores iniciada na manhã de hoje em Oaxaca, capital do estado de mesmo nome, que terminou na praça central da cidade. Eles reclamaram do envio de 3 mil agentes de segurança para garantir a realização das eleições.
Durante a queima das urnas não houve intervenção da polícia, que acompanhou a ação por meio de helicópteros. Segundo servidores eleitorais de uma sessão instalada em Zócalo, na região da praça central, ninguém foi agredido. Os jornalistas que acompanhavam a manifestação foram proibidos de tirar fotos ou gravar vídeos do ato, do qual também participaram grupos anarquistas.
“A queima desse lixo (do material eleitoral), uma queima simbólica, que representa também a do governo e desse sistema político. E o fracasso das eleições em nosso estado e em alguns outros do país”, disse um dos representantes da CNTE.
Membro do Comitê Executivo da CNTE em Oaxaca, Carmen López disse que a maior parte das urnas não foi instalada no estado, por isso as eleições não devem ser consideradas como válidas.
No entanto, o Instituto Nacional Eleitoral (INE) informou às 12h locais (13h em Brasília) que 3.917 urnas estavam em funcionamento nas sessões eleitorais no estado, o correspondente a 78,54% do total.
Leia mais:
Méxicanos votam sob ameaça do narcotráfico e de boicote
Confronto no México deixa ao menos 43 mortos
A dirigente sindical não descartou “mais queimas simbólicas” nos 11 distritos eleitorais do estado, onde 2,7 milhões de mexicanos têm direito a votar. Além disso, denunciou a prisão de sete líderes da CNTE, seis deles na região de Istmo e outro em Tuxtepec.
O boicote eleitoral é uma dos professores, em greve desde o dia 1º de junho, para pressionar o governo a atender uma série de reivindicações, entre elas a revogação da reforma educativa promovida pelo presidente Enrique Peña Nieto em 2013.
No estado de Chiapas, no sudeste do México, também foram registradas queimas de urnas em mais de 20 municípios. Já em Tuxtla Gutiérrez, capital do estado, professores e estudantes tomaram as emissoras de rádio, após negociar com diretores e agentes antidistúrbios, para convocar a população a não votar.
O INE afirmou que 5.788 urnas, mais de 92% do total, foram instaladas em Chiapas, confirmando mais de 400 incidentes na região, uma das mais pobres do país junto com Oaxaca e Guerrero.
(Com agência EFE)