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Papa critica ‘obsessão’ da Igreja com aborto e união gay

Pontífice afirma que religiosos têm o direito de expressar sua opinião à sociedade, mas diz: 'Igreja não pode interferir espiritualmente na vida dos gays'

Por Da Redação
19 set 2013, 14h14

“A Igreja se fechou muitas vezes em pequenas coisas, em pequenas mentes pensantes. As pessoas de Deus querem pastores, não clérigos agindo como burocratas ou membros do governo” Papa Francisco

Em uma extensa entrevista a uma revista jesuíta publicada nesta quinta-feira, o papa Francisco criticou o que classifica como “obsessão” dos clérigos em pregar contra o aborto e o casamento gay – e afirmou: a Igreja Católica não tem o direito de interferir espiritualmente na vida dos homossexuais. “A Igreja deve ser uma casa aberta a todos, e não uma pequena capela focada em doutrina, ortodoxia e em uma agenda limitada de ensinamentos morais”, afirmou o pontífice.

Em entrevista publicada pela revista italiana La Civilta Cattolica (Civilização Católica) e veiculada em dezesseis países, o pontífice destacou que a Igreja tem o direito de expressar sua opinião sobre assuntos do interesse de seus seguidores, mas reiterou que os homossexuais devem ser aceitos com “respeito, compaixão e sensibilidade” pelos religiosos. “A religião tem o direito de expressar sua opinião ao servir as pessoas, mas Deus nos fez livres: é impossível interferir espiritualmente na vida das pessoas”, afirmou.

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Francisco recordou o discurso que fez após o término da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, quando se reuniu com jornalistas no avião para responder algumas questões. “Se um gay busca Deus, quem sou eu para julgar”, disse, na ocasião. O papa ainda relatou um episódio em que uma pessoa perguntou se ele “aprovava” a homossexualidade. “Eu respondi com outra pergunta: ‘Diga-me, quando Deus olha para um gay, ele confirma a existência dessa pessoa com amor, ou rejeita e condena esta pessoa?’ Nós devemos sempre considerar esta pessoa. Aqui entramos no mistério da humanidade”, disse.

“Ao dizer isso, eu falo o que está no catecismo”, acrescentou o papa, que também criticou a insistência da Igreja em abordar temas como o casamento gay e o aborto. “Não precisamos insistir nesses assuntos relacionados a abortos, casamento gay e o uso de contraceptivos. Eu não falei muito sobre essas coisas, e fui repreendido por isso. Não é necessário falar sobre isso todo o tempo”, declarou. E foi além: “Os ensinamentos dogmáticos e morais da Igreja não são todos equivalentes. O ministério pastoral da Igreja não pode ser obcecado com a transmissão de um conjunto desarticulado de doutrinas a serem impostas insistentemente”.

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Francisco reiterou que não tem todas as respostas para as perguntas dos fiéis, o que, segundo ele, seria uma artimanha de “falsos profetas”. “Os grandes líderes das pessoas de Deus, como Moisés, sempre deixaram a porta aberta para a dúvida. Você deve deixar a porta aberta para o Senhor.”

A entrevista de Francisco, no entanto, decepcionou católicos liberais no que diz respeito à ordenação de mulheres. O pontífice afirmou que a “porta está fechada” para esta questão, mas pediu para que a Igreja não atribua papeis secundários ou inferiores para as mulheres. “O gênero feminino é necessário se nós precisarmos tomar importantes decisões. Mulheres estão trazendo questões profundas que precisam ser discutidas. A Igreja não pode ser ela mesma sem as mulheres e o seu papel”, ponderou.

Pecador – Em outro ponto impactante da entrevista, Francisco surpreendeu ao se dizer um “pecador”. “Eu sou um pecador. Esta é a definição mais precisa. Não é uma figura de linguagem, um gênero literário. Eu sou um pecador”, declarou. Por fim, o pontífice pediu para que a Igreja possa encontrar um novo equilíbrio entre missões políticas e espirituais, o que eliminaria o risco de a instituição “desabar como um castelo de cartas”. “A Igreja se fechou muitas vezes em pequenas coisas, em pequenas mentes pensantes. As pessoas de Deus querem pastores, não clérigos agindo como burocratas ou membros do governo”, encerrou.

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