Panama Papers: Macri se coloca “à disposição da Justiça”
Presidente argentino, citado nos documentos vazados que apontaram pessoas com contas em paraíso fiscal, disse que "não há nada a esconder"
O presidente argentino Mauricio Macri se colocou nesta terça-feira “à disposição” caso a Justiça argentina queira investigar seu suposto vínculo com sociedades em paraísos fiscais, revelados pelo Panama Papers. Em entrevista coletiva na Casa Rosada, em Buenos Aires, o presidente disse que parece “muito bom” que as autoridades estejam cumprindo seu papel e afirmou que essa ação corresponde à de um país onde a Justiça trabalha “de forma independente”.
Macri, líder da aliança de centro-direita Cambiemos, foi apontado pelos documentos vazados no caso Panama Papers como sócio da empresa Fleg Trading Ltd, localizada nas Bahamas e que seria uma fachada para evasão de divisas e lavagem de dinheiro, e vice-presidente da offshore Kagemusha SA. “No que me compete, estou à disposição de um juiz no civil e de um juiz federal para fornecer informação; vi o pedido de despachos ao Panamá para esclarecer a informação que apareceu nos meios de comunicação, e me parece ótimo”, afirmou.
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Na segunda-feira, o juiz argentino Sebastián Casanello enviou despachos ao Panamá e às Bahamas solicitando um relatório para averiguar se essas sociedades registram contas bancárias no nome do presidente. Macri declarou que não há “nada a esconder” e que as sociedades em seu nome e no nome de sua família, que é dona de um império de negócios, não estão em operação.
Em 3 de abril, após o vazamento dos documentos que relacionam políticos e empresários de todo o mundo com empresas laranjas em paraísos fiscais, a Presidência esclareceu que a companhia foi criada pelo pai do chefe de Estado, Franco Macri, empresário de origem italiana, para realizar um investimento no Brasil que não chegou a se concretizar. “Não somente fiz a declaração inicial dizendo que não era acionista, e como diretor não recebi nenhum tipo de retribuição, mas além disso levei todos esses papéis ao Escritório Anticorrupção para que o verificassem”, argumentou Macri poucos dias depois.
Casanello pediu que o despacho seja atendido “o mais rápido possível” e explicou que é investigado se Macri cometeu o delito de “omissão maliciosa” de dados em sua declaração de bens. A pena para esse tipo de crime chega a dois anos de prisão. A Justiça argentina também agiliza nesta semana uma investigação sobre a ex-presidente Kirchner e seu filho Máximo, que atualmente é deputado federal, por supostas irregularidades em um negócio imobiliário familiar.
(Da redação)