ONGs divulgam carta de repúdio a documento da Rio+20
"O Futuro que Queremos" é considerado um texto "fraco e muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes 20 anos, desde a Rio-92"
Organizações não-governamentais (ONGs) que participam da Rio+20 divulgam na tarde desta quinta-feira uma carta de repúdio aos resultados diplomáticos da conferência. O documento acordado entre os países para ser aprovado na plenária final da conferência na sexta-feira, intitulado “O Futuro que Queremos”, é classificado como “fraco e muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio-92”.
Na quarta-feira, lideranças da sociedade civil pediram que a expressão “com plena participação da sociedade civil” seja removida do parágrafo introdutório do documento, que foi duramente criticado também por delegações europeias e pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon – que depois voltou atrás.
Leia abaixo a íntegra da carta e a lista de signatários:
A RIO+20 QUE NÃO QUEREMOS
“O Futuro que Queremos não passa pelo documento que carrega este nome, resultante do processo de negociação da Rio+20.
O futuro que queremos tem compromisso e ação, e não só promessas. Tem a urgência necessária para reverter as crises social, ambiental e econômica e não postergação. Tem cooperação e sintonia com a sociedade e seus anseios, e não apenas as cômodas posições de governos.
Nada disso se encontra nos 283 parágrafos do documento oficial que deverá ser o legado desta Conferência. O documento intitulado O Futuro que Queremos é fraco e está muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio-92. Está muito aquém, ainda, da importância e da urgência dos temas abordados, pois simplesmente lançar uma frágil e genérica agenda de futuras negociações não assegura resultados concretos.
A Rio+20 passará para a história como uma Conferência da ONU que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado por graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos adquiridos.
Por tudo isso, registramos nossa profunda decepção com os chefes de Estado, pois foi sob suas ordens e orientações que trabalharam os negociadores, e esclarecemos que a sociedade civil não compactua nem subscreve esse documento.”
SIGNATÁRIOS:
Ashok Khosha
Bill Mackbidden
Camila Tulmin
Fabio Feldman
Juan Carlos Jintrack
Kumi Naidoo
Mathis Wackernagel
Ricardo Young
Thomas Lovejoy
William Kees
Roberto Klabin
Sergio Mindlin
Yolanda Kakabadse
LEIA TAMBÉM:
Quem cobra ambição e não põe dinheiro na mesa é incoerente