O ex-secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Boutros Boutros-Ghali, que esteve à frente do organismo mundial entre 1992 e 1996, morreu aos 93 anos, informou nesta terça-feira a presidência do Conselho de Segurança. O diplomata egípcio havia sido internado na semana passada em um hospital do Cairo.
Ele foi o primeiro africano a ocupar o posto de secretário-geral da ONU. Nascido em 14 de novembro de 1922, no Cairo, Boutros Boutros-Ghali veio de uma família da minoria cristã copta no Egito. Seu avô, assassinado em 1910, foi primeiro-ministro do país. Depois de concluir a maior parte de seus estudos em Paris, tornou-se um professor de direito na Universidade do Cairo e publicou vários livros sobre relações internacionais e diplomacia.
Leia também
ONU: Ataques deliberados contra hospitais são crimes de guerra
ONU faz 70 anos sob críticas e enfrentando complexos desafios
ONU faz 70 anos. Saiba tudo o que ela já fez por você
Boutros-Ghali foi posteriormente nomeado ministro das Relações Exteriores em outubro de 1977. Durante seus 14 anos no cargo, desempenhou um papel fundamental na conclusão do acordo de paz egípcio-israelense de Camp David (1978). Especializado nas chamadas relações Norte-Sul, o diplomata foi o principal arquiteto da política africana do Egito.
Eleito para a ONU na euforia do fim da Guerra Fria e depois da Guerra do Golfo, precisou enfrentar crises graves, como os conflitos na ex-Iugoslávia, na Somália, no Oriente Médio e o genocídio em Ruanda. Depois de sua passagem pelas Nações Unidas, Boutros-Ghali, considerado por seus pares como um brilhante intelectual, foi o primeiro secretário-geral da Organização Internacional da Francofonia (de 1997 a 2002), entidade que reúne 57 países em que em que a língua francesa é oficial ou tem um status privilegiado.
(Da redação)