Madri convoca embaixador venezuelano após Maduro insultar Rajoy
O presidente venezuelano acusou o primeiro-ministro espanhol de ser "intervencionista, racista e colonialista"
O Ministério das Relações Exteriores da Espanha convocou nesta sexta-feira o embaixador venezuelano em Madri, Mario Isea, em protesto contra declarações ofensivas do presidente Nicolás Maduro, que chamou o primeiro-ministro Mariano Rajoy de “intervencionista, racista e colonialista”. O governo espanhol também procura obter explicações sobre a viagem de políticos da esquerda radical a Caracas em 2014. Madri quer saber por que os políticos foram a Caracas em um avião oficial venezuelano.
Em uma reunião de 35 minutos no Palácio de Santa Cruz, sede do Ministério das Relações Exteriores espanhol, o diretor-geral para a América Latina, Pablo Gómez de Olea, expressou ao representante venezuelano seu descontentamento em relação às afirmações grosseiras de Maduro.
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As declarações foram feitas durante uma reunião do presidente com seu gabinete executivo e empresários, após Rajoy afirmar na segunda-feira que a situação econômica e política da Venezuela não é boa e pedir aos políticos que “transformem a Venezuela em um país livre e democrático”. “Aqui ninguém se mete com a Espanha. Não aceitamos que ninguém se meta na nossa vida e sociedade”, afirmou Maduro, chamando a atitude do espanhol de “intervencionista, racista e colonialista”.
Gómez de Olea também manifestou sua “surpresa” com tais declarações, especialmente após a imprensa espanhola ter tornado pública a viagem de membros de partidos radicais espanhóis para a Venezuela em dezembro de 2014. Segundo foi revelado, representantes dos partidos de esquerda Candidatura de Unidade Popular (CUP), Podemos e do grupo separatista e terrorista ETA (Euskadi Ta Askatasuna, ou País Basco e Liberdade, em basco) viajaram em um avião oficial da Força Aérea venezuelana para participar de um seminário sobre o processo de paz no País Basco e o princípio de autodeterminação dos povos espanhóis.
Após a reunião, o representante venezuelano na Espanha se recusou a fazer declarações à imprensa e se limitou a dizer que o encontro foi “bom”. Durante a reunião, a vice-primeira-ministra espanhola, Soraya Sáenz de Santamaría, afirmou que considera uma “grande interferência nos assuntos do Estado espanhol organizar viagens desta natureza”. Segundo ela, a convocação do embaixador venezuelano era “muito necessária” nesse momento, porque ajuda o governo a reiterar mais uma vez a mensagem de que a soberania nacional é um assunto que compete a todo o povo espanhol.
(Da redação)