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Irã mantém consulado fantasma em São Paulo

A revelação de que o país tem uma representação diplomática que nem o Itamaraty conhecia está em relatório sobre as operações irregulares do Irã na América Latina, elaborado com base em documentos e gravações que pertenceram a Alberto Nisman, o procurador argentino morto no ano passado

Por Leonardo Coutinho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 jun 2016, 20h18

Desde janeiro, quando entrou em vigor o acordo nuclear que permitiu o fim das sanções econômicas impostas ao Irã, o regime dos aiatolás tem se esforçado para mostrar normalidade em suas relações internacionais. Esta semana, um relatório produzido pela organização americana Center for a Secure Free Society apresentou um relatório que revela as operações clandestinas do Irã na América Latina.

O documento intitulado “Depois de Nisman” foi elaborado a partir da análise de mais de 40 000 escutas telefônicas e centenas de páginas de documentos secretos que pertenciam ao procurador federal Alberto Nisman, encontrado morto em seu apartamento em Buenos Aires em janeiro de 2015. Segundo o autor do relatório, se os aiatolás não estão diretamente envolvidos na morte de Nisman, foram os seus principais beneficiários.

O relatório, escrito pelo analista de segurança Joseph Humire, diretor do Center for a Secure Free Society, revela uma intrincada rede de empresas e centros culturais atrelados à diplomacia oficial iraniana na região. Para Humire, as operações de comércio de carne são a principal fachada para a entrada de agentes da inteligência iranianos disfarçados de inspetores de abate. Essa estratégia, segundo Alberto Nisman, foi utilizada pelo regime para infiltar os primeiros espiões na América Latina, logo depois da Revolução Iraniana, em 1979.

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Registro do “Consulado” do Irã na Receita Federal
Registro do “Consulado” do Irã na Receita Federal (VEJA)
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O documento revela que, no Brasil, a diplomacia iraniana mantém um consulado “fantasma” na cidade de São Paulo. VEJA confirmou que, embora esteja registrado na Receita Federal desde 2013, o endereço — uma casa-bunker no bairro do Morumbi — jamais foi usado para este fim. Nem sequer o Itamaraty sabia da existência do “consulado”.

O endereço foi utilizado para registrar uma série de empresas dos mais diversos setores. Há certificadores de carne, uma exportadora de alimentos e até uma agência de viagens registradas na Junta Comercial de São Paulo (Jucesp), em nome de cidadãos iranianos.

Segundo os registros na Jucesp, estão instaladas onde deveria funcionar o consulado a GBH Viagem e Turismo LTDA, a GBH Serviços de Apoio Adminstrativo e Participações LTDA e a GBH Comércio e Serviços de Apoio Administrativo Ltda.

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Além de servir como sede de empresas, o “consulado” também aparece como sendo residência de outros iranianos donos de outras empresas instaladas em outros pontos da capital paulista. Segundo os dados públicos, o iraniano Morteza Ghorbanian Siahkalroudi, que residiria no “consulado”, é o dono da empresa Apoio de Degoladores Ltda

Para o analista que descobriu o “consulado fantasma”, a cobertura diplomática pode ter a função de acobertar atividades de espionagem e de lavagem de dinheiro. Segundo ele, as empresas podem ter sido utilizadas para driblar as sanções que, até o início desde ano, impediam uma série de operações financeiras por parte do regime iraniano, como punição por seu programa nuclear.

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O Ministério das Relações Exteriores confirmou não ter registro do “consulado” do Irã em São Paulo. A Embaixada do Irã em Brasília não se manifestou.

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