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FBI participou de investigação da morte de Dorothy Stang; EUA temiam corrupção entre policiais brasileiros

Telegramas enviados a Washington dizem que o Pará, onde a missionária foi morta, é 'uma terra sem lei, como o Velho Oeste'

Por Da Redação
15 dez 2010, 16h07

O mais recente documento divulgado pelo site WikiLeaks envolvendo o Brasil é sobre a morte da missionária americana naturalizada brasileira Dorothy Stang, assassinada no Pará por denunciar a grilagem e o desmatamento ilegal. A embaixada dos Estados Unidos em Brasília acompanhou de perto as investigações sobre o crime, preocupada com a corrupção dos policiais brasileiros. O FBI, discretamente, investigou o caso junto com a polícia do Brasil.

Nos telegramas, John Danilovich, ex-embaixador americano no Brasil (2004-2005), se mostra preocupado com a corrupção policial, que poderia prejudicar o andamento do caso. “Aparentemente a investigação está correndo bem, mas há sérias preocupações de que a polícia pode estar comprometida por ligações impróprias com grandes donos de terra na região que estão envolvidos em apropriação ilegal de terra e desmatamento”, diz o telegrama de 22 de fevereiro de 2005, mês e ano em que ocorreu o crime.

Havia o medo, por parte dos americanos, de que a investigação fosse manipulada por autoridades brasileiras. “Acredita-se que autoridades estatais corruptas tenham permitido a grilagem de terra em larga escala e o desmatamento durante anos”, descreve o embaixador. Essa mesma fonte disse a ele que Dorothy era “uma pedra no sapato” dos fazendeiros e policiais. “Em razão das preocupações de longa data sobre a eficiência, corrupção e baixa moral da PM em todo o Brasil, além de preocupações especificas sobre a atuação da PM do Pará na investigação sobre Stang, vamos monitorar o caso de perto para ver se ele será federalizado”, conclui o telegrama.

Márcio Thomas Bastos – Mais tarde, em 3 de março, Danilovich envia outro telegrama reclamando do então ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos. “Estamos meio confusos com a relutância de Bastos em federalizar o caso devido ao alto envolvimento federal e a oportunidade do caso ser teste para a nova lei de federalização”, escreve. Na mesma mensagem, o embaixador explica que três investigadores do FBI estiveram na cena no crime e “colheram testemunhos, fotos e vídeo das autoridades policiais brasileiras”. Os investigadores do FBI inclusive interrogaram os três suspeitos que estavam sob custódia brasileira. O objetivo era que o advogado-geral dos EUA apresentasse o caso perante o tribunal do júri.

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“Terra sem lei”- Nos três meses seguintes ao assassinato, a embaixada americana produziu nove relatórios sobre o caso. Até 2008, outros seis foram elaborados. Em outro documento, Danilovich afirma que o Pará se parece “com a imagem popular do Velho Oeste: isolado, pouco povoado, uma terra sem lei”. Há elogios ao governo federal, cujo empenho foi considerado “vigoroso” sob “qualquer ponto de vista”. Mas o ex-embaixador manifesta preocupação com a Justiça do Pará e sugere que a federalização do crime seria a melhor solução.

Crime – Dorothy Stang foi morta em fevereiro de 2005, aos 73 anos, com seis tiros, em uma estrada de terra perto de Anapu, a 750 km de Belém, por denunciar a grilagem e o desmatamento ilegal. Cinco pessoas foram condenadas pelo crime.

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