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Exército eletrônico ataca imprensa e defende governo Assad

Grupo de hackers que defende o ditador sírio tem alvejado de forma agressiva grandes organizações internacionais. Mas, até agora, pouco se sabe sobre ele

Por Da Redação
24 abr 2013, 20h50

Um grupo de hackers que defende o governo de Bashar Assad na Síria tem alvejado de forma agressiva grandes meios de comunicação estrangeiros e organizações ativistas internacionais. Embora suas operações ocorram no mundo virtual, os ataques desse exército eletrônico têm impactos bastante reais. O poder de desinformação foi amplamente demonstrado quando o grupo adulterou uma notícia da agência americana Associated Press no Twitter, na terça-feira. Uma falsa mensagem da AP dizia: “Urgente: Duas explosões na Casa Branca, Barack Obama está ferido”. O texto foi capaz de provocar uma breve onda de pânico e fazer as ações nos EUA despencarem. O tuíte foi rapidamente revelado como falso, e o indicador Dow Jones Industrial Average pôde se recuperar de sua queda de 145 pontos. Mas a iminência de um novo ataque preocupa governos e populações.

Entenda o caso

  1. • Durante a onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o governo do ditador Bashar Assad.
  2. • Desde então, os rebeldes enfrentam forte repressão pelas forças de segurança. O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos no país, de acordo com levantamentos feitos pela ONU.
  3. • Em junho de 2012, o chefe das forças de paz das Nações Unidas, Herve Ladsous, afirmou pela primeira vez que o conflito na Síria já configurava uma guerra civil.
  4. • Dois meses depois, Kofi Annan, mediador internacional para a Síria, renunciou à missão por não ter obtido sucesso no cargo. Ele foi sucedido por Lakhdar Brahimi, que também não tem conseguido avanços.

“Somos um grupo de jovens sírios entusiastas que não podiam permanecer passivos diante da enorme distorção de fatos sobre a recente revolta na Síria”, define a Syrian Electronic Army em sua página na internet. O grupo afirma ter invadido nos últimos meses os sites da rede britânica BBC, dos veículos americanos CBS News e NPR, da Universidade de Columbia e da organização de direitos humanos Human Rights Watch. Também teria hackeado o perfil no Twitter do presidente da FIFA, Joseph Blatter, e a conta oficial da FIFA para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Pouco se sabe realmente sobre ele – de onde vem ou como funciona -, nem mesmo se realmente é ligado ao ditador Bashar Assad, envolvido em uma sangrenta guerra civil há mais de dois anos. Para o pesquisador Helmi Noman, da Universidade de Toronto, tudo indica que o governo lhe oferece um “apoio tácito”.

“O que sabemos é o nome de seu domínio foi registrado pela empresa Syrian Computer Society (Sociedade Síria de Computação) – sendo que ela foi dirigida por Assad na década de 1990, antes de ele se tornar presidente”, disse Noman à rede CNN. “E esse domínio está hospedado na rede do governo sírio, o que é interessante porque é a primeira vez que vimos um grupo que realiza atividades questionáveis sendo hospedado em uma rede nacional de computadores.” Segundo o especialista, Assad já demonstrou apreço pelo trabalho do grupo e o descreveu como um Exército real na internet. No entanto, Noman e seus colegas pesquisadores não têm provas de que esse grupo é de fato operado pelo governo da Síria.

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Quem são os membros do grupo e de onde eles vêm também é um mistério. De acordo com Norman, o grupo estaria tentando recrutar voluntários por meio de sua página no Facebook, convidando os interessados a invadir sites pré-selecionados e inundá-los com comentários preparados por seus membros. “Não podemos dizer ao certo se esses voluntários são apenas da Síria ou se também vêm de outros países”.

Os especialistas apontam para algumas semelhanças entre as atividades do Exército Eletrônico da Síria e o grupo Anonymous – conhecido por seus ataques a sites oficiais e apoio ao movimento Occupy em 2011 e ao WikiLeaks de Julian Assange -, mas ressaltam que as diferenças são grandes em muitos aspectos.

Por exemplo, o domínio e o registro têm claras conexões com a Síria e seus membros podem ser contatados pelo site do grupo ou pelos perfis nas redes sociais. “Eles demonstram interesse em interromper o fluxo de informação, especialmente o fluxo de informação da imprensa internacional”, avaliou Norman, acrescentando que esse objetivo não surpreende, uma vez que o governo sírio também tenta fazer isso, ao acusar a imprensa de ser tendenciosa.

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