EUA e Rússia vão se reunir para evitar ‘encontrões’ na Síria
Pentágono afirma que a Força Aérea Russa não está atacando o Estado Islâmico. Para o senador John McCain, 'fracasso da liderança americana' fortalece Putin na região
Os governos de Estados Unidos e Rússia começaram nesta quinta-feira conversas em nível militar para evitar “encontrões” e acidentes na Síria, onde os países realizam ataques aéreos, informou o Pentágono. O porta-voz da missão militar americana no Iraque contra o Estado Islâmico (EI), Steve Warren, afirmou que, enquanto os contatos acontecem, as operações americanas na Síria e no Iraque não foram afetadas pelo começo dos bombardeios russos na Síria.
Warren disse que por enquanto parece que a Rússia não está atacando o EI na Síria e não descartou as informações de que inclusive poderia ter bombardeado rebeldes sírios apoiados pela Agência Central de Inteligência (CIA) americana. O senador John McCain, presidente do Comitê de Serviços Armados do Senado de EUA, denunciou hoje que alguns dos primeiros bombardeios lançados pela aviação russa na Síria atingiram rebeldes opositores ao regime treinados pela CIA. Na visão de McCain, o “fracasso da liderança americana”, que era responsabilidade do presidente Barack Obama, fortaleceu Putin na região.
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Fontes do Departamento de Defesa disseram à emissora CBS que os contatos militares entre Rússia e EUA começaram na manhã de hoje. Warren indicou em uma teleconferência que “enquanto o risco de contato despercebido sempre existe e passos estão sendo dados desde Washington para evitar encontrões, nós continuaremos nossa operação”.
O porta-voz da operação que apoia as Forças Armadas iraquianas e os peshmerga curdos na luta contra o EI disse que uma vez concretizado o processo com a Rússia para evitarem acidentes, o país será incorporado às operações. A Rússia começou ontem ataques aéreos na Síria em apoio ao regime de Bashar Assad – ditador que os EUA querem que saia do poder para permitir o fim da guerra civil e uma transição política.
Níveis de colaboração – Os oficiais americanos afirmaram que existem três níveis de colaboração a serem discutidos. O primeiro – e mais provável – consiste na tomada de medidas por ambos os países para evitar a sobreposição de operações por meio de um sistema de troca de informações ou a simples observação dos movimentos. Um acordo mais formal seria a comunicação rotineira sobre quando e onde as operações vão acontecer, embora sem compartilhar informações sobre metas e objetivos. Isso implicaria em uma série de telefonemas e e-mails para assegurar que ambas as forças entendam os movimentos um do outro. Também será discutida a possibilidade de uma coordenação entre as duas forças militares – o que é pouco provável que aconteça, já que seria necessária uma colaboração completa para atingir objetivos comuns – algo ainda muito longe nos diálogos entre Washington e Moscou.
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