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Embaixadora dos EUA: vida na Coreia do Norte é um ‘pesadelo’

Contra a vontade de China e Rússia, Conselho de Segurança das Nações Unidas discute violações dos direitos humanos pelo regime de Kim Jong-un

Por Da Redação
22 dez 2014, 20h35

Os Estados Unidos e outros países ocidentais do Conselho de Segurança da ONU condenaram nesta segunda-feira as violações aos direitos humanos na Coreia do Norte, depois de rejeitar em votação as objeções da China em colocar o assunto em pauta. Na reunião, a embaixadora norte-americana na ONU, Samantha Power, descreveu a vida sob o regime de Kim Jong-um como um “pesadelo” e considerou “absurda” a oferta de Pyongyang de investigar em conjunto com os EUA o ciberataque ao estúdio Sony.

Uma votação sobre a pauta da reunião do Conselho de Segurança não é comum, mas foi necessária nesta segunda diante da resistência da China em incluir a Coreia do Norte entre os temas a serem discutidos. Foram onze votos a favor, dois contrários e duas abstenções. Além da China, a Rússia também votou contra. A última vez que o conselho realizou uma votação sobre os procedimentos de uma reunião foi em 2006, quando a situação em Myanmar foi incluída nas discussões. Em relação à Coreia do Norte, até aqui os debates foram limitados ao programa nuclear do país. Ao se opor à ampliação do leque, o embaixador chinês Liu Jieyi afirmou que o conselho de segurança “não é o fórum para se envolver em temas de direitos humanos”.

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Samantha Power lembrou que um relatório das Nações Unidas revelou a brutalidade da ditadura norte-coreana. O documento do comitê de direitos humanos, divulgado em fevereiro, afirma que os norte-coreanos enfrentam “atrocidades indescritíveis”, incluindo “fome, trabalhos forçados, execuções, tortura” e repressão política. O regime comunista recusou-se a cooperar com as investigações e rejeitou as conclusões do relatório. A embaixadora citou alguns dos testemunhos de pessoas que conseguiram fugir das prisões norte-coreanas, como Ahn Myong Chul, ex-guarda que relatou que estupros de prisioneiros eram rotineiros. “Em um caso, a vítima ficou grávida e deu à luz. Então, os agentes cozinharam o bebê e deram para os cachorros”.

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“A Coreia do Norte é de fato um Estado totalitário que usa a violência e a repressão contra seus próprios cidadãos para se manter no poder, assim como seu aparato militar ameaçador”, disse o embaixador da Austrália, Gary Quinlan, que solicitou a votação, junto com representantes de outros nove países. Na semana passada, a Assembleia Geral da ONU instou o conselho a levar a Coreia do Norte ao Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade. Apesar do apelo, é pouco provável que o conselho leve a Coreia do Norte ao tribunal, porque a China pode vetar uma iniciativa neste sentido.

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Sony – Também nesta segunda, os EUA cobraram de Pyongyang que admita ter ordenado o ataque aos computadores da Sony Pictures e pague pelos danos causados. “Se quiserem ajudar aqui, poderiam admitir sua culpa e indenizar a Sony”, disse a vice-porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf. O ataque, revelado no fim de novembro pela Sony, paralisou o sistema da companhia e foi acompanhado da difusão na internet de cinco filmes do estúdio, alguns deles inéditos, além de dados pessoais de 47.000 funcionários, documentos confidenciais como o roteiro do próximo filme de James Bond, e de uma série de e-mails muito embaraçosos para os altos executivos da empresa.

O FBI atribuiu o ataque, reivindicado pelo grupo de hackers GOP (Guardiães da Paz), à Coreia do Norte, que negou reiteradamente sua participação no fato. Pyongyang ameaçou com represálias à Casa Branca e outras instituições americanas, caso sofra sanções. “Este é exatamente o tipo de comportamento que esperamos de um regime que ameaça tomar ‘medidas impiedosas’ contra os Estados Unidos devido a uma comédia de Hollywood, e não tem escrúpulos em manter dezenas de milhares de pessoas em gulags”, disse Samantha Power.

Coreia sem internet – Após dias de instabilidade, a Coreia do Norte enfrentou nesta segunda-feira uma interrupção no serviço de internet, no que especialistas da área descrevem como uma das piores falhas na rede do país em anos. A Casa Branca e o Departamento de Estado recusaram-se a dizer se o governo americano tinha alguma responsabilidade pela situação. A queda no serviço ocorre dias depois de Barack Obama afirmar que os Estados Unidos dariam uma “resposta proporcional” ao ciberataque no sistema do estúdio Sony, que o FBI ligou a Pyongyang. O presidente americano não deu detalhes sobre como seria esta resposta. A perda de serviço de internet não afeta a grande maioria da população, que já não tem acesso ao serviço. O maior impacto seria sentido pela elite do país, pelos meios de comunicação estatais e também pelos hackers.

(Com agências Reuters e France-Presse)

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