Cartas privadas do príncipe Charles são publicadas
Após uma longa batalha judicial, cartas enviadas pelo monarca a ministros do governo britânico nos anos de 2004 e 2005 foram divulgadas publicamente
Cartas secretas enviadas pelo princípe Charles a ministros do governo britânico há uma década foram publicadas nesta quarta-feira após longa batalha judicial. As 27 cartas foram escritas durante o governo de Tony Blair, entre setembro de 2004 e março de 2005, e enviadas a ministro de sete áreas. A divulgação dos documentos foi concretizada após uma longa campanha impetrada pelo jornal britânico The Guardian.
Em uma das cartas, endereçada ao primeiro ministro Tony Blair, Charles afirma que as forças armadas britânicas estavam sendo cobradas a realizar um trabalho desafiador no Iraque “sem todos os recursos necessários”. A maior parte das cartas, porém, trata de assuntos relacionados ao meio ambiente, mudanças climáticas, interesses de pequenos agricultores e arquitetura, temas pelos quais Charles sempre mostrou bastante interesse.
Em outro documento endereçado ao ex-primeiro ministro, Charles trata do controle populacional de texugos no Reino Unido. “Insisto que você avalie novamente a questão do abate adequado de texugos onde é necessário. Não entendo como o ‘lobby dos texugos’ parece não se importar com o massacre de milhares de cabeças de gado valiosas, mas se opõe ao abate controlado de uma superpopulação de texugos”, diz o texto.
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A Corte Suprema da Grã-Bretanha deu, em março desse ano, o aval para a publicação das cartas, baseando-se na lei de liberdade de informação vigente no país. O Guardian procurava esclarecer a possível influência do príncipe Charles no governo, já que, como futuro monarca, ele deve se manter neutro em assuntos políticos que possam afetar o país.
Um comunicado oficial liberado pela Clarence House, residência oficial do príncipe Charles, afirma que ele “deve ter o direito de se comunicar de forma privada” e que a publicação das cartas pode “inibir sua capacidade de expressar suas preocupações e sugestões” durante viagens e reuniões. No entanto, em uma das cartas dirigidas a Tony Blair, o príncipe Charles chegou a cogitar uma possível divulgação do conteúdo dos documentos, ao mencionar que registraria por escrito assuntos discutidos em uma reunião “apesar do Ato de Liberdade de Informação”.
AP
(Da redação)