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Alemanha foi cúmplice de genocídio armênio, diz presidente

Em discurso, Joachim Gauck utilizou termo para classificar massacre de 1915 que tem provocado divergências entre a comunidade internacional e o governo turco

Por Da Redação
23 abr 2015, 22h39

O presidente da Alemanha, Joachim Gauck, se posicionou nesta quinta-feira sobre o reconhecimento do genocídio armênio por parte de seu país. Ao discursar em uma missa rezada em Berlim, o político afirmou que “o destino dos armênios é um caso exemplar na história de exterminação em massa, limpeza étnica, deportações e sim, genocídio, o que marcou o século XX de uma forma terrível”. Gauck, que exerce um cargo amplamente cerimonial, destacou que a Alemanha também deve assumir a responsabilidade por ter sido “cúmplice em alguns casos” da morte dos armênios. Historiadores estimam que 1,5 milhão de cristãos armênios foram mortos por soldados do Império Turco-Otomano em 1915. A Alemanha foi aliada dos otomanos na I Guerra Mundial.

A postura do chefe de Estado alemão deverá atrair críticas da Turquia, uma vez que os muçulmanos do país reconhecem que muitas pessoas foram mortas pelas tropas otomanas, mas rejeitam a classificação de genocídio por não concordarem com os registros históricos. A própria chanceler alemã, Angela Merkel, havia apoiado um projeto de resolução que reconhece o genocídio, embora tenha advertido que isso poderia prejudicar o processo de reconciliação entre os governos de Turquia e Armênia. O Parlamento da Alemanha deverá debater nos próximos dias uma monção a respeito do tema. A rede britânico BBC reportou, no entanto, que o comunicado possivelmente será redigido em uma linguagem tortuosa e que poderá deixar tanto turcos quanto armênios insatisfeitos.

Na quarta-feira, a administração do presidente americano Barack Obama assegurou que ele não trataria o massacre de armênios como um genocídio. A Turquia tem se mostrado um aliado estratégico para os Estados Unidos na guerra civil síria e no combate aos terroristas do Estado Islâmico (EI). O país também é integrante da Otan, e forçar uma queda de braço diplomática neste momento prejudicaria os interesses americanos na região. Outro ponto que pode ter pesado para a decisão de Obama foi a reação desmedida do governo turco após o papa Francisco ter falado abertamente em genocídio armênio durante um sermão. Ancara não só condenou o pontífice pelas declarações como também afirmou que ele fazia parte de “uma frente diabólica” para desmoralizar a Turquia perante a comunidade internacional.

Canonização – A Igreja Armênia anunciou a canonização do 1,5 milhão de cidadãos armênios que foram vítimas dos soldados otomanos durante a I Guerra Mundial. Após a cerimônia, sinos de templos armênios tocaram no mundo todo. Esta foi a primeira vez em 400 anos que a Igreja Armênia realizou um ritual de canonização. A homenagem, contudo, não especificou um número de vítimas nem recordou seus nomes.

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Definição O termo genocídio foi cunhado em 1943 pelo advogado polonês Raphael Lemkin em um livro sobre a Europa ocupada pelos nazistas que também menciona o caso armênio. Ainda que o genocídio armênio tenha ocorrido três décadas antes da invenção do léxico, não há dúvida que ele é adequado para classificar os acontecimentos entre 1915 e 1923 na Turquia. A palavra genocídio, em sua origem, define um ato deliberado para aniquilar, em todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Trata-se, sempre, de um ato político. Além disso, uma característica dos genocídios é que os opressores não se satisfazem em matar apenas seus oponentes ativos, eles caçam e eliminam todos os homens, mulheres, crianças e bebês do grupo transformado em alvo.

(Da redação)

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