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A solitária missão do senador americano que acredita no aquecimento global

Sheldon Whitehouse milita no Senado para que seus colegas tomem medidas para os EUA reduzirem sua a emissão de carbono. Mesmo isolado, ele não desiste de seu trabalho

Por Da Redação
5 jun 2015, 12h52

Muitas vezes ele fala sozinho diante das câmeras do plenário do Senado dos Estados Unidos, mas não se importa e também não desiste de seu discurso. Há três anos, o senador democrata Sheldon Whitehouse implora para que seus colegas “acordem” para os perigos do aquecimento global, assunto completamente ignorado pela maioria republicana da Casa. No mês passado, ele subiu mais uma vez ao púlpito para fazer seu centésimo discurso sobre o clima, uma odisseia verbal sem precedentes, mas que não tem tido muito sucesso – segundo o próprio Whitehouse.

A lei sobre a criação de licenças de emissão de CO2 foi aprovada pela Câmara dos Deputados no início do mandato de Barack Obama, mas permaneceu engavetada no Senado. O Executivo americano anunciou novas normas de emissões para usinas de energia, mas os republicanos no Congresso estão tentando invalidá-las, assim como o acordo bilateral anunciado em novembro com a China. “É um pouco vergonhoso”, lamentou Sheldon Whitehouse. “Nós nos vemos como um modelo de democracia, mas somos incapazes de enfrentar uma pergunta que o mundo vê cada vez mais como um problema e onde é necessária liderança”.

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Nas paredes de seu gabinete no Congresso, estão penduradas fotos dos penhascos de seu Estado, o pequeno Rhode Island, no nordeste do país, segundo ele diretamente afetado pelo aquecimento global: há famílias cujas terras foram lentamente tomadas pelo oceano e pescadores que não conseguem mais encontrar peixes, que fugiram das águas aquecidas da baía de Narragansett.

Lobby do petróleo – Semanalmente ou quase, quando o Senado está em sessão, Sheldon Whitehouse põe perto de uma mesa na Câmara o mesmo cartaz verde onde estão inscritas em letras maiúsculas: ‘É hora de acordar’ (‘Time to wake up’, em inglês), seu slogan. Ele lembra que 97% dos cientistas concluíram que a atividade humana acelera as mudanças climáticas e denuncia implacavelmente a atitude dos republicanos, “sonâmbulos” marchando em direção à catástrofe, intimidados pela poderosa indústria de combustíveis fósseis.

“A indústria é muito determinada e muito dura, lançou uma campanha de desinformação e tem um tráfico de influência política muito forte, agarrando-se para não desaparecer, tentando forçar o Partido Republicano a se tornar seu braço político”, acusa Sheldon Whitehouse. “Os membros do Congresso se fingem de avestruzes”, enquanto empresas gigantes e conceituadas como Coca-Cola e Walmart estão tentando reduzir suas emissões de carbono, disse. A comparação mais precisa, na visão do democrata, é com as décadas de negações da indústria do tabaco sobre os riscos de câncer associados ao fumo.

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Ilusão – O principal adversário de Whitehouse, o senador republicano James Inhofe, preside o Comitê de Meio Ambiente do Senado. Para ele, a responsabilidade do homem no aquecimento global é uma “grande ilusão”. Em um “experimento científico”, Inhofe jogou uma bola de neve na Câmara em janeiro para provar que as temperaturas continuaram a cair durante o inverno.

A republicana Christine Todd Whitman, ex-diretora da Agência de Proteção Ambiental (EPA) durante o governo George W. Bush e atualmente sem cargo ou mandato, estima que a passividade dos republicanos ditos “moderados” é parcialmente responsável pela demonização da questão climática. “Nós deixamos as vozes dos céticos ganharem crédito”, lamenta. Às vezes, os colegas do Partido Republicano confessam ao congressista democrata que apoiam sua cruzada, mas que não podem declarar publicamente. “Nenhum senador quer ser o primeiro a ser enforcado por ter ofendido a indústria de combustíveis fósseis”, lamenta Whitehouse.

(Com agência France-Presse)

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