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Vírus de computador era perfeito para sabotar centrífugas

Por The New York Times
20 nov 2010, 17h59

Mudanças rápidas podem causar explosões. Relatórios de inspetores internacionais revelam que o Irã enfrenta muitos problemas para manter as centrífugas operando, com centenas fora de serviço

Especialistas que dissecaram o vírus de computador suspeito de ter sido enviado ao programa nuclear iraniano determinaram que ele foi calibrado de forma a poder deixar as centrífugas nucleares totalmente fora de controle. Suas conclusões, embora não definitivas, começam a dissipar a névoa em torno do Stuxnet, um programa malicioso detectado em computadores, especialmente no Irã, mas também na Índia, Indonésia e outros países.

A paternidade do vírus ainda está em disputa, mas nas últimas semanas funcionários israelenses abriram largos sorrisos quando questionados se Israel estava por trás do ataque, ou se sabiam quem estava. Autoridades americanas sugerem que ele se originou no exterior. O novo trabalho forense restringe o alcance dos alvos e decifra o plano de ataque do vírus.

Analistas de computação dizem que o Stuxnet causa seus danos provocando rápidas mudanças na velocidade de rotação dos motores, os deslocando rapidamente para cima e para baixo. Alterar a velocidade “sabota o funcionamento normal da operação do processo de controle industrial”, escreveu em seu blog Eric Chien, um pesquisador de segurança de computadores da Symantec.

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Tais flutuações, disseram analistas nucleares, em resposta ao relatório, são uma receita de desastre entre as milhares de centrífugas rodando no Irã para enriquecer urânio, que pode alimentar reatores e bombas. Mudanças rápidas podem causar explosões. Relatórios de inspetores internacionais revelam que o Irã enfrenta muitos problemas para manter as centrífugas operando, com centenas fora de serviço desde o meio do ano passado.

“Não vemos confirmação direta” que o ataque foi realizado para retardar o esforço nuclear iraniano, disse David Albright, presidente do Instituto para a Ciência e Segurança Internacional, um grupo privado em Washington que monitora a proliferação nuclear. “Mas com certeza é uma interpretação plausível.”

Fonte de energia – Oficiais da inteligência disseram acreditar que uma série de programas secretos é responsável por pelo menos algum atraso. Este ano, quando o Irã informou que estava enfrentando o Stuxnet, muitos especialistas suspeitaram imediatamente de que se tratava de um ciberataque patrocinado por um estado.

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Até a semana passada, analistas diziam que o Stuxnet fora projetado apenas para infectar certos equipamentos da Siemens usados numa ampla gama de instalações industriais. Mas um estudo divulgado por Chien, Fallières Nicolas e O. Liam Murchú, da Symantec, conclui que o verdadeiro objetivo do programa foi a de assumir conversores de frequência, um tipo de fonte de energia que muda o controle de velocidade de um motor.

O código do vírus foi criado para atacar conversores de duas companhias, a Fararo Paya, no Irã, e a Vacon, na Finlândia. Um outro estudo, conduzido pelo Departamento de Segurança Interna, confirmou a descoberta, disse uma alta autoridade do governo. Na quarta-feira, Albright e um colega, Andrea Stricker, divulgaram um relatório dizendo que quando o vírus aumenta a frequência da corrente elétrica que alimenta as centrífugas, elas giram cada vez mais depressa.

‘Prejudicar ou destruir’ – O vírus pode, eventualmente, fazer a corrente atingir 1,410 hertz, ou ciclos por segundo – suficiente, segundo o relato, para explodir as centrífugas. Albright disse que o vírus finaliza o ataque com um comando para restaurar a corrente para uma operação perfeita da centrífuga – que, a essa altura, estaria provavelmente destruída. A análise do computador, concluiu o relatório, “mostra que o Stuxnet pode prejudicar ou destruir” unidades de centrifugação iranianas.

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A última evidência não prova que o Irã era o alvo, e não foram confirmados relatos de danos industriais ligados ao Stuxnet. Conversores são usados para controlar uma série de máquinas, incluindo tornos, serras e turbinas, e podem ser encontrados em gasodutos e indústrias químicas. Mas também são essenciais para centrífugas nucleares.

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