Suprema Corte do Paquistão condena premiê por desacato
O primeiro-ministro Yousaf Raza Gilani foi declarado culpado por obstruir investigações de corrupção contra o atual presidente do país, Asif Ali Zardari
A Suprema Corte do Paquistão condenou nesta quinta-feira o primeiro-ministro do país, Yousaf Raza Gilani, por desacato. O político recebeu apenas uma sentença simbólica e não será enviado para a prisão. Gilani foi declarado culpado por ter se negado a reabrir antigas investigações sobre corrupção contra o atual presidente paquistanês, Asif Ali Zardari.
O veredicto foi emitido por uma banca de sete membros liderada pelo juiz Nasirul Mulk. Acompanhado pelos membros de seu gabinete, Gilani, que se declarou inocente, classificou a decisão do juiz como “inadequada”. A defesa do premiê argumentou que a recusa de Gilani em colaborar com a reabertura dos processos aconteceu por causa da imunidade política de Zardari como presidente do país.
Especialistas acreditam que a Suprema Corte evitou prender Gilani para não transformar o julgamento em um “espetáculo”. “Um tempo na cadeia criaria uma onda de simpatia pelo premiê, e isso é algo que os juízes não querem ver”, declarou o analista político Imtiaz Gul para a rede CNN.
O Paquistão vive um momento de grande tensão entre o Executivo e o Exército, e Gilani já acusou os militares do país de tramarem um golpe de estado.
Histórico – O premiê foi acusado em fevereiro de desacatar as ordens da Suprema Corte, que exigia a reabertura dos casos de corrupção contra políticos que foram encerrados em 2007 após uma anistia aprovada pelo regime do general Pervez Musharraf. O perdão possibilitou a volta de Zardari e sua mulher, a ex-premiê Benazir Bhutto, ao país. A Suprema Corte, porém, anulou a anistia em 2009.
O tribunal decretou que Gilani, do Partido Popular do Paquistão (PPP), escrevesse uma carta à Suíça para reabrir uma acusação arquivada contra o presidente, Asif Ali Zardari. O premiê, no entanto, se mostrou inflexível em seu apoio ao governante e chefe de seu partido, e anunciou à corte que não escreveria o documento.
(Com agência EFE)