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Sistema de alerta e engenharia impedem desastre maior

Terremoto de 8,9 graus na escala Richter foi o mais violento do Japão

Por Carolina Freitas e Gabriel Castro
12 mar 2011, 09h44

Dois fatores, apontados por especialistas, explicam por que a catástrofe no Japão não foi ainda maior: um eficiente sistema de alerta, usado na costa do Oceano Pacífico há meio século, e a tecnologia que reforça a estrutura das construções. O Japão foi sacudido nesta sexta-feira por um tremor de 8,9 graus na escala Richter – o mais violento já registrado desde que começaram as medições sísmicas no país – seguido de um tsunami. De acordo com o último balanço divulgado pelo governo, há 637 mortos, 1.128 feridos e 784 desaparecidos.

O monitoramento utilizado no país foi criado depois do terremoto de 9,5 graus que atingiu o Chile, em 1960. O tremor ocasionou um tsunami e causou mortes no Havaí e no Japão. As autoridades desses países e dos Estados Unidos perceberam, então, a necessidade de um trabalho integrado na região.

Apesar de não haver método científico para prever hora e local de um terremoto, os institutos se valem do registro de pequenos tremores para soltar alertas sobre o risco de grandes tremores. O sistema de prevenção de desastres do Pacífico toma como base a observação dos tremores. E emite alertas automáticos para os países da costa. Eles monitoram ainda, com sensores, a variação do nível do mar. Se houver risco de tsunami, os moradores do litoral são avisados, por sirenes, rádio e televisão.

O geofísico João Carlos Dourado, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), explica que um terremoto é precedido de tremores precursores e seguido por réplicas. Dias antes do episódio desta sexta-feira, o Departamento Nacional de Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOA) já havia emitido avisos de tremores de 6.6 e 6.9 graus, no mar, na costa do Japão. Durante a madrugada (no final da tarde, no horário brasileiro), o país registrou novo tremor, de 6,6 graus na escala Richter.

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Preparo – Especialistas ouvidos por VEJA.com consideram o Japão o país mais bem preparado para enfrentar catástrofes naturais. “Desde o século 20, o Japão se prepara para isso. De 40 anos para cá, o trabalho de prevenção se intensificou, com uma base educacional forte. Qualquer criança sabe o que fazer, passa por aulas e por simulações de emergência. As pessoas estão preparadas”, afirma o professor Carlos Alberto Bistrich, do Departamento de Geografia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

“Apesar do monitoramento integrado na costa do Pacífico, cada país faz seu sistema de alerta e o treinamento de sua população. O Japão é o país mais bem organizado nesse aspecto. Há pontos do litoral onde se construíram barreiras físicas para impedir a invasão da água do mar”, afirma João Carlos Dourado, da Unesp.

A construção dos prédios também reflete um aprendizado dos japoneses com tragédias passadas. Os edifícios mais novos são equipados com sensores que conseguem detectar as ondas de choque antes da fase mais crítica do terremoto. Com isso, um sistema aciona automaticamente um mecanismo de contrabalanceamento – movido por molas ou macacos hidráulicos – e mantém a construção de pé.

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Clique abaixo e veja como funciona o sistema:

Soco – O professor Dikran Berberiam, da Faculdade de Engenharia Civil da Universidade de Brasília (UnB), faz uma comparação: “Quando vai levar um soco, o lutador de boxe desvia o rosto não só para evitar a pancada, mas para amortecer. Ele acompanha mais ou menos o movimento da luva do adversário, senão ele teria o pescoço quebrado. Nos prédios, existem sensores que contrabalançam nas fundações o efeito do terremoto”. No Japão, mesmo as casas mais baixas têm a fundação construída de forma mais maleável, para resistir às ondas de choque.

Nos prédios antigos, que não possuem sensores sismológicos, um ágil sistema de alerta mantido pelo governo também evitou um número maior de mortes: a população da região atingida pelo terremoto desta sexta-feira recebeu o aviso cerca de um minuto antes do choque. Tempo suficiente para buscar um abrigo mais seguro e colocar em prática lições que, no país, são aprendidas desde cedo.

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