Rússia vai propor mudanças em resolução sobre a Síria
Expectativa é de que o impasse seja resolvido no Conselho de Segurança
Em meio ao impasse no Conselho de Segurança da ONU sobre o teor da resolução a ser adotada pelo órgão sobre a crise na Síria, diplomatas aguardam nesta sexta-feira que a Rússia proponha emendas ao texto apresentado pela Liga Árabe com apoio das potências ocidentais.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança do ditador, que já mataram mais de 5.000 pessoas no país, de acordo com a ONU, que vai investigar denúncias de crimes contra a humanidade no país.
- • Tentando escapar dos confrontos, milhares de sírios cruzaram a fronteira e foram buscar refúgio na vizinha Turquia.
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A expectativa é de que a questão seja finalmente resolvida neste final de semana entre os Estados Unidos e a Rússia, que vem resisitindo ao afastamento de Assad como condição para a criação de um governo provisório no país árabe. Na última quinta-feira, o Marrocos apresentou uma nova versão da proposta original da Liga Árabe, mas o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin, disse em uma sessão a portas fechadas que vetaria o texto por ele declarar que a entidade “apoia totalmente” o plano árabe.
Um diplomata ocidental relatou, no entanto, que ao final da reunião os 15 países concordaram, em princípio, com o novo texto, que mantinha a afirmação de “apoio total” à proposta da Liga Árabe. Apesar disso, circularam notícias vindas de MOscou segundo as quais o governo russo, que mantém negócios com a Síria, continuava insatisfeito. “A proposta não é suficiente para que possamos apoiá-la nessa forma”, chegou a afirmar o vice-chanceler Gennady Gatilov à agência russa Interfax. Com isso, a Rússia prometeu devolver o texto nesta sexta com modificações.
Sem concessões – A última versão do texto, porém, foi considerada pelo primeiro-ministro do Catar, Hamad bin Jassim al Thani, como “a mínima que podemos aceitar”. Segundo o premiê se a Rússia não apoia a atual visão, deveria usar seu poder de veto, mas o bloco árabe não faria mais concessões.
Com isso, os países só sairão do impasse se a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, convencer o chanceler russo, Sergei Lavrov, em uma reunião que acontecerá durante uma conferência de segurança em Munique, na Alemanha, neste fim de semana. Os dois conversaram por telefone nesta sexta, mas não chegaram a um acordo.
Votação – Apesar disso, o Conselho de Segurança da ONU se reunirá neste sábado para submeter à votação a nova versão do projeto de resolução apresentado pelo Marrocos em apoio ao plano de transição da Liga Árabe.
O principal órgão de decisão das Nações se reunirá a partir das 14h (horário local, 12h de Brasília) com intenção de votar o texto sobre a Síria, segundo anunciou a missão da Grã-Bretanha na organização.