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Refugiados da central nuclear de Fukushima sofrem preconceito

Desabrigados são recusados em abrigos se não apresentarem certificado de não contaminação radioativa

Por Da Redação
13 abr 2011, 18h22

Os moradores que fugiram das imediações da central nuclear de Fukushima, no nordeste do Japão, são recusados pelos centros de acolhida de refugiados, pelo temor de que estejam contaminados por radiação e prejudiquem outras pessoas. Os que tiveram que deixar suas casas, suas fazendas e seus animais, em razão da crise na central Fukushima precisam de um certificado oficial provando que não estão contaminadas para que possam entrar nos abrigos.

Uma menina de oito anos originária de Minamisoma, localidade situada a vinte quilômetros das instalações atômicas, por exemplo, foi recusada por um hospital da cidade de Fukushima porque não tinha certificado de não radioatividade. O episódio reavivou as lembranças de discriminações sofridas pelos “hibakusha” – sobreviventes dos ataques americanos com bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki – que foram discriminados devido ao medo de que contaminassem outras pessoas.

Os equipamentos de detecção de radiação instalados na entrada dos locais tornaram-se postos de controle que dão acesso a um lugar para dormir ou mesmo para que recebam cuidados médicos, mesmo que os especialistas afirmem que as pessoas que deixaram as áreas afetadas não representam risco algum para as outras. “A menos que não sejam funcionários da central, as pessoas comuns não são perigosas”, explicou Kosuke Yamagishi, do departamento médico da Prefeitura de Fukushima. “As pessoas estão simplesmente muito preocupadas e, infelizmente, isso pode levá-las a uma discriminação”, declarou.

Instruções – Os responsáveis pelos centros de evacuação mantêm as seguintes instruções: todas as pessoas que moram em um raio de 30 quilômetros em torno da central devem apresentar um certificado fornecido pelo governo da Prefeitura de Fukushima. “Se elas não tiverem, devem ser submetidas a um exame no local”, diz um deles. “Isso é feito para que as outras pessoas retiradas dos locais de risco se sintam seguras”.

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Kenji Sasahara, que dirige um centro de detecção em Minamisoma, declarou que muitas pessoas que deixaram o local sentiram-se ofendidas por terem que apresentar um certificado. “De mais de 17.000 pessoas examinadas, nenhuma representava risco, a não ser três funcionários da central”, afirmou. “As pessoas estão furiosas. Minamisoma tem agora a imagem de uma cidade contaminada”.

A desconfiança se estende mesmo para além da região. Uma moradora da Prefeitura de Fukushima escreveu em seu blog que um hotel da Prefeitura de Saitama, ao norte de Tóquio, tinha se recusado a receber ela e sua família. “Mesmo quando eu expliquei que não vínhamos de uma área de evacuação, o recepcionista do hotel respondeu: ‘vocês não podem ficar aqui se vocês não têm provas de que não são hibakusha’.”

Histórico – Dezenas de milhares de pessoas foram obrigadas a deixar uma área de 20 quilômetros de raio em torno de Fukushima ou a se confinarem em suas casas em uma área de mais 10 quilômetros. O governo, que elevou na terça-feira de 5 para 7, o grau máximo, o nível de gravidade do acidente de Fukushima, acrescentou cinco localidades no plano de evacuação, incluindo algumas situadas além dos 30 quilômetros.

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Um assessor do governo do primeiro-ministro Naoto Kan, Kenichi Matsumoto, declarou à imprensa que a região em torno da central de Fukushima poderá permanecer inabitável durante 10 ou 20 anos.

(Com agência France-Presse)


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