Cidade do Vaticano, 14 jan (EFE).- O papa Bento XVI encorajou o primeiro-minsitro da Itália, Mario Monti, a seguir lutando contra a crise econômica no país, em encontro realizado entre os dois neste sábado no Vaticano.
‘Seu governo começou no meio de uma situação dificílima, quase sem solução’, disse o Pontífice a Monti, no início de uma conversa que durou 25 minutos.
Depois da audiência com o Pontífice, o tecnocrata Monti se reuniu com Bertone e com o subsecretário das Relações Exteriores do Vaticano, o prelado Ettore Balestrero.
‘Foram analisados temas como a situação social italiana e o compromisso do governo, assim como a contribuição da Igreja Católica à vida do país’, informou o Vaticano em comunicado.
Também foram discutidas a situação internacional, da Europa, da região mediterrânea meridional e a necessidade da tutela das minorias religiosas, ‘especialmente cristãs em algumas partes do mundo’, explicou a nota.
Monti compareceu à Santa Sé acompanhado de sua esposa, Elsa, e um séquito de dez pessoas, entre elas os ministro das Relações Exteriores e de Assuntos Europeus, Giulio Terzi e Enzo Moavero, e o subsecretário da Presidência, Antonio Catricala.
Mario Monti foi recebido pelo papa na Sala do Tronetto, anexa à Biblioteca Privada. O premier agradeceu a oportunidade e Bento XVI perguntou sobre a recente viagem do líder à Alemanha, onde este se reuniu com a chanceler Angela Merkel.
Monti respondeu que o tempo estava ruim, ‘mas o clima com a chanceler era bom’.
A visita de Monti ao Vaticano foi feita em meio à polêmica pela isenção à igreja italiana do imposto de bens imóveis, que estava abolido e foi recuperado pelo Executivo.
O assunto, no entanto, não foi discutido. O porta-voz do Vaticano informou que temas específicos das relações entre a igreja católica e o estado, como as questões fiscais, serão tratados em futuros encontros bilaterais.
O ICI foi extinto em parte por Berlusconi, e o fato de Monti ter voltado a cobrá-lo, mas dando isenção fiscal à Santa Sé, levantou uma onda de críticas ao governo, especialmente do Partido Radical, que exige que a igreja italiana pague os tributos ‘como todo mundo’.
A Itália não tem um censo completo das propriedades da Santa Sé, mas alguns meios de comunicação afirmam que entre 20% e 30% do patrimônio imobiliário do país está nas mãos do Vaticano, repartido entre igrejas, edifícios, escolas, universidades, hospitais, ambulatórios, centros esportivos e inclusive hotéis e centros de lazer.
De acordo com Stefano Livadiotti, do semanário ‘L’Espresso’, num livro que escreveu sobre o Vaticano, a igreja italiana economiza 700 milhões de euros por ano com a isenção do ICI. EFE