Obama diz que sistema de imigração está ultrapassado e defende reforma

Presidente afirma que EUA devem manter foco na segurança das fronteiras e fala em atrair profissionais qualificados. Senadores apresentaram proposta

Por Da Redação
29 jan 2013, 18h07

O presidente Barack Obama afirmou em discurso sobre leis de imigração: "Muitas pessoas esqueceram que nós (americanos) já fomos eles (ilegais)" — O presidente Barack Obama afirmou em discurso sobre leis de imigração: (Jim Watson/AFP/VEJA)

Ao considerar o sistema de imigração dos Estados Unidos “ultrapassado e falido”, o presidente Barack Obama defendeu nesta terça-feira uma reforma na legislação que resolva a situação dos 11 milhões de imigrantes ilegais do país. Em um discurso realizado em uma escola em Las Vegas onde a maioria dos estudantes tem origem latina, Obama afirmou que “um amplo consenso está surgindo” sobre a questão e repetiu várias vezes que “agora é a hora” de aprovar as mudanças.

“A boa notícia é que – pela primeira vez em muitos anos – republicanos e democratas parecem prontos para enfrentar esse problema juntos”, ressaltou Obama. “Membros dos dois partidos, nas duas Casas, estão trabalhando ativamente em busca de uma solução. E ontem, um grupo bipartidário de senadores anunciou sua proposta para uma ampla reforma na imigração que está de acordo com os princípios que eu propus e a favor dos quais fiz campanha nos últimos anos. Neste momento, parece haver um desejo genuíno em fazer isso logo. E isso é muito animador”.

Obama afirmou que os EUA devem manter o foco no reforço contínuo da segurança nas fronteiras e no combate aos empresários que sabidamente contratam trabalhadores ilegais. Disse ainda que os imigrantes ilegais devem estar cientes de que há um caminho até a conquista da cidadania, acrescentando que o sistema de imigração deve ser modernizado. Ele citou como uma das mudanças necessárias a redução do tempo para concessão de visto a famílias qualificadas que queiram viver nos EUA, o que ajudará o país a ser um “imã para os melhores e mais brilhantes no mundo”. “É preciso trazer o sistema de imigração para o século XXI porque ele não reflete mais a realidade do nosso tempo”.

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Imigrante qualificado – O presidente citou a Intel e o Instagram como exemplos de empreendimentos bem-sucedidos que foram iniciativas de imigrantes, destacando que não há motivo para dizer aos imigrantes graduados em universidades americanas que eles devem iniciar seus negócios em outro lugar.

Para atrair profissionais qualificados, a proposta do governo deverá oferecer green cards para pessoas que tenham concluído mestrado ou doutorado em universidades americanas nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática e que tenham conseguido emprego no país.

A reforma da legislação de imigração tornou-se uma prioridade para Obama no segundo mandato depois da tentativa frustrada no primeiro. Seu antecessor, o republicano George W. Bush, também tentou aprovar uma política de imigração no segundo mandato – sem sucesso. Para o democrata, a questão ganha ainda mais importância com o peso que o voto do eleitorado latino teve para sua reeleição, em novembro.

Proposta – A proposta apresentada por um grupo de oito senadores – quatro democratas e quatro republicanos – que segue a linha defendida por Obama prevê que a reforma na imigração seja acompanhada de um maior controle dos imigrantes e dos vistos e de maior vigilância nas fronteiras.

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O imigrante ilegal que queira se regularizar terá que passar por um longo processo. Ele será obrigado a se registrar, provar o tempo de permanência no país, pagar uma multa e todos impostos atrasados, aprender inglês e estudar a cultura americana, que deverá ser fonte de perguntas durante uma entrevista feita por uma equipe da Imigração. Depois disso, entrará para a fila de solicitação de visto. Enquanto estiver na fila, o candidato não terá direito a seguridade social, auxílio desemprego e outros benefícios públicos.

Crianças e jovens filhos de imigrantes ilegais terão prioridade no processo de obtenção de cidadania, assim como trabalhadores da área de agricultura. Pessoas que tenham antecedentes criminais, ao contrário, serão mais rapidamente deportadas. O senador republicano John McCain, um dos responsáveis pela proposta, afirmou que não se deve repetir o que ele considera erros da reforma de 1986, que deu anistia a milhões de imigrantes ilegais e criou condições para a entrada ilegal de outros milhões.

Mas há diferenças entre as expectativas da administração Obama e a proposta dos senadores. O governo considera que o texto envolve um processo muito lento de obtenção de visto. Também pretende conceder aos imigrantes homossexuais os mesmos direitos assegurados aos heterossexuais em caso de imigração decorrente de comprovada união estável.