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Morte de Payá deixa vazio de liderança na oposição cubana

Por Da Redação
25 jul 2012, 17h40

A morte do dissidente Oswaldo Payá deixa um vazio de liderança na oposição cubana, excluída de qualquer atividade política pelo regime comunista e enfraquecida por suas próprias divisões, segundo analistas e ativistas.

A morte de Payá, de 60 anos e Prêmio Sakharov do Parlamento Europeu 2002, causou consternação nos Estados Unidos, América Latina e Europa, e uniu por um dia a dividida oposição cubana, que participou em massa de seu funeral em Havana.

“Realmente é uma perda irreparável. Foi um incansável lutador pela unidade da oposição”, disse à AFP a líder das Damas de Branco, Berta Soler.

“A morte de Payá é um grande golpe para a oposição em Cuba. Ele projetou um caminho para a mudança política enraizada na sociedade cubana”, acrescentou Michael Schifter, presidente do Diálogo Interamericano, um centro de pesquisa em Washington.

Payá ganhou notoriedade em maio de 2002, quando entregou ao Parlamento cubano 11.020 assinaturas em apoio ao “Projeto Varela”, uma iniciativa por mudanças políticas na ilha.

“O mérito de Payá foi ter estruturado um caminho possível, uma agenda moderada baseada nas demandas das ruas cubanas, para desafiar o governo a partir de sua própria ordem constitucional”, afirmou o analista cubano Arturo López Levy, professor da Universidade de Denver (Colorado, EUA).

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“A morte deixa um vazio de liderança na oposição cubana que está dividida entre erráticas declarações hostis aos esforços de mediação da Igreja Católica e uma falta de mapa de estrada”, opinou em um artigo publicado no site Infolatam.

Ele acrescentou que “ao contrário da oposição que sonha com revoluções no Twitter e Facebook, Payá sabia que, para desafiar o CPC (Partido Comunista de Cuba), a chave era “organização, organização e organização”.

O “Projeto Varela” de Payá, que criou em 1988 o Movimento Cristão de Libertação (MCL), previa um referendo sobre reformas políticas e econômicas e liberdades civis. Foi nomeado em homenagem ao filósofo cubano do século XIX, Félix Varela.

A resposta do então presidente Fidel Castro ao Projeto foi: convocar seu próprio referendo que declarou “irrevogável” o socialismo em Cuba e desencadear uma onda de repressão contra os seguidores de Payá.

Na “Primavera Negra” de 2003 foram presos e condenados à prisão 75 dissidentes, muitos do MCL. Payá, contudo, nunca foi preso, com exceção de breves passagens e um período de três anos de trabalho obrigatório em substituição do serviço militar.

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Os últimos 52 presos políticos foram libertados entre 2010 e 2011, como resultado de um diálogo inédito entre o cardeal Jaime Ortega e o presidente Raúl Castro, que sucedeu seu irmão Fidel, em 2006.

Raúl realizou reformas econômicas de mercado e dialoga com a Igreja, mas rejeita qualquer abertura política, assim como seu irmão.

Após a detenção dos 75 dissidentes, suas esposas e filhas criaram em 2003 as Damas de Branco, o grupo com mais visibilidade interna.

Todos os domingos, dezenas de senhoras marcham silenciosamente pela Quinta Avenida em Miramar, oeste de Havana, após participar da missa na paróquia de Santa Rita. Este grupo sofreu a perda de sua líder, Laura Pollan, que morreu de problemas de saúde em 14 de outubro de 2011.

No entanto, nem as Damas de Branco ou qualquer outro grupo de oposição conseguiu unir tantos dissidentes como Payá fez em uma década.

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Ele “foi capaz de mobilizar e unir a oposição em Cuba com seus projetos”, disse o dissidente Guillermo Fariñas, Prêmio Sakharov 2010, que foi preso com outros opositores no funeral de Payá e libertado nove horas depois.

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