Maduro diz que Chávez está doente por ‘trabalhar pelo povo’
Vice venezuelano afirmou mais uma vez que coronel 'está lutando pela vida', mas não deu detalhes de seu estado de saúde em discurso no Parlamento
Durante um ato para entregar moradias populares em Caracas, nesta quinta-feira, o vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, deu um diagnóstico no mínimo populista e cientificamente risível para a causa do câncer do coronel Hugo Chávez, há quase três meses afastado da Presidência da Venezuela após passar pela quarta cirurgia para tratar a doença. Segundo Maduro, Hugo Chávez ficou doente por “trabalhar tanto pela qualidade de vida do povo venezuelano”.
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O vice-presidente, primeiro na lista de sucessão do chavismo, insistiu na explicação, acrescentando que Chávez “enfrenta uma condição delicada de saúde sensivelmente porque trabalhou sem descanso, sem repouso, pelo povo”, pelo qual teria passado “muitas noites sem dormir pensando em como melhorar as moradias, os serviços e a qualidade de vida em geral dos venezuelanos”.
À noite, Maduro foi à Assembleia Nacional apresentar o relatório de sua gestão, iniciada com o afastamento de Chávez em dezembro do ano passado. Pela primeira vez, ele admitiu que o câncer do presidente foi um duro golpe para o governo, mas ressaltou que Chávez “não abandonou jamais suas responsabilidades”.
Nas duas horas e meia de seu discurso, porém, o vice não deu qualquer atualização sobre estado de saúde do coronel, que retornou à Venezuela há dez dias e se mantém internado, segundo o governo, no Hospital Militar de Caracas. O que se sabe até agora é que Chávez tem um quadro de insuficiência respiratória que o obriga a usar um tubo na traqueia. Maduro se limitou a dizer que ele segue “lutando pela vida”, expressão já usada em outras ocasiões.
Posse – O mistério sobre o estado de Hugo Chávez ganhou mais um capítulo esta semana, quando o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, afirmou que a data para o juramento de posse do novo mandato do governante enfermo depende exclusivamente de sua vontade. “Cabe ao comandante, quando considerar apropriado, convocar os senhores do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) para que efetuem esse trâmite”, disse Cabello.
Reeleito em outubro, Chávez deveria ter tomado posse em 10 de janeiro, como previsto na Constituição, mas não o fez, uma vez que estava internado em Cuba, onde onde ficou por mais de dois meses após a ser submetido à cirurgia para combater um câncer na região pélvica. Alinhados com o chavismo, o Legislativo e o Judiciário rechaçaram os pedidos da oposição para que fosse declarada a ausência do mandatário e concederam ao caudilho o “tempo necessário” para fazer o juramento para o mandato que vai até 2019.
Desse modo, mesmo com a pressão da oposição para que a situação seja esclarecida e uma junta médica independente ateste qual o real quadro do caudilho, o impasse continua na Venezuela – sem nenhuma previsão para terminar.
(Com agência EFE)