Julian Assange se disfarçou de mulher para fugir da CIA
Vida do fundador do WikiLeaks é detalhada em livro escrito por britânicos
“Ele se disfarçou de idosa por mais de duas horas”, contou um colaborador do site
Para escapar de agentes da CIA que o perseguiam, Julian Assange teria se disfarçado de mulher. A história está contada em uma nova biografia do fundador do WikiLeaks,que teve trechos publicados pelo jornal britânico The Guardian. O livro, escrito pelos repórteres David Leigh e Luke Harding, tem como título WikiLeaks: Inside Julian Assange’s War on Secrecy (Dentro da Guerra de Julian Assange sobre o Sigilo). A obra não tem relação com a que será escrita pelo próprio Assange, ainda sem data certa para ser publicada.
Segundo o livro, o hacker estava na Inglaterra quando ficou sabendo que agentes da inteligência americana estavam atrás dele, apesar da ausência de provas contra ele. “Podem imaginar o ridículo que era se disfarçar de mulher. Ele se disfarçou de idosa por mais de duas horas”, contou James Ball, colaborador do site responsável pelo vazamento de milhares de documentos secretos da diplomacia americana.
Alguns trechos da biografia que falam sobre a infância de Assange revelam que ele só conheceu o pai depois dos 20 anos. “O pai biológico de Julian, John Shipton, estava ausente a maior parte do tempo. Aos 17 anos, a mãe dele se apaixonou por Shipton, um jovem que conheceu em uma manifestação contra a guerra do Vietnã em 1970. O relacionamento acabou e (o pai biológico) não teve nenhum papel em sua vida durante vários anos. Não tiveram contato até que Julian completou 25 anos”, informa o livro. Quando os dois se encontraram, o hacker descobriu que herdou o temperamento do pai. Um amigo diz que Shipton era “como um espelho que refletia a imagem de Julian”.
O primeiro problema do fundador do WikiLeaks com a Justiça aconteceu em 1994 por pirataria virtual. Detido em 7 de dezembro de 2010 em Londres por uma ordem de prisão emitida pela Suécia, foi colocado em liberdade após pagamento de fiança nove dias depois. A Justiça sueca o processa por violência sexual contra duas mulheres e ele está na Grã-Bretanha em liberdade condicional. A Justiça britânica, por sua vez, deve decidir em fevereiro sobre a extradição pedida por Estocolmo.
Documentos secretos – Enquanto o jornal britânico divulga passagens da vida pessoal de Julian Assange, o hacker anuncia um plano para a divulgação de uma grande quantidade de documentos secretos, caso o WikiLeaks seja fechado. “Há backups de informações distribuídos entre muitas pessoas, 100.000 pessoas, e tudo o que temos que fazer é entregar a elas uma chave codificada e serão capazes de continuar”, disse, em entrevista ao programa 60 Minutes, do canal americano CBS.
Ele ressalva, porém, que a medida será adotada apenas como último recurso. “Se um número de pessoas forem detidas ou assassinadas, então sentiríamos que não poderíamos continuar e outras pessoas teriam que fazer nosso trabalho, e divulgaríamos as chaves.” Na mesma entrevista, o australiano negou estar motivado por sentimentos antiamericanos ou outros temas políticos, depois de descrever seu grupo como “ativistas da imprensa livre”.
(Com agência France-Presse)
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