Governo e rebeldes assinam cessar-fogo no Sudão do Sul
Acordo de paz prevê o fim das hostilidades no país e a formação de um governo de transição. Conflito entre etnias já matou milhares e deixou 1,2 milhão sem lar
O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, e o líder rebelde Riek Machar, apertaram as mãos nesta sexta-feira, em Adis Abeba, capital da Etiópia, depois de chegarem a um acordo para colocar fim ao ciclo de violência que assola o país africano há mais de quatro meses. Em um documento assinado também pelo primeiro-ministro etíope Hailemariam Desalegn, mediador do pacto, os dois lados concordaram em encerrar as hostilidades nas próximas horas. A missão mais difícil agora será colocar o plano em prática. Um acordo de cessar-fogo foi assinado em janeiro e não deu resultados – ambas as partes desrespeitaram o pacto.
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Sudão do Sul
O conflito começou quando Kiir acusou o seu vice, Machar, de planejar um golpe contra o governo. Machar negou as acusações, mas passou a liderar um grupo rebelde contra Kiir. Tendo a rivalidade entre os dois como pano de fundo, o conflito no Sudão do Sul já deixou milhares de mortos e forçou mais de 1,2 milhão de sul-sudaneses a abandonar seus lares. Tanto o governo como os rebeldes foram acusados de múltiplos crimes, como massacres étnicos, estupros e recrutamento de crianças-soldado. Como Kiir e Machar pertencem a etnias rivais, o conflito ganhou ares de guerra sectária e, recentemente, ONU e EUA alertaram para o risco de genocídio no país.
Estados Unidos – O secretário de Estado americano John Kerry comemorou a assinatura do pacto e declarou que o acordo “pode marcar um passo importante para o país”. “O povo do Sudão do Sul já sofreu demais”, afirmou ele. Kerry, no entanto, cobrou das duas lideranças que adotem medidas imediatas para garantir que o acordo seja cumprido. “A dura jornada por um longo caminho começa agora, e o trabalho precisa continuar”, acrescentou.
Além da trégua, o acordo também prevê a formação de um governo de transição e a convocação de novas eleições, ainda sem data definida. Outra das medidas do pacto é a abertura de corredores para facilitar o acesso da ajuda humanitária para as áreas mais afetadas pelo conflito.
(Com agência France-Presse)