Pesquisadores austríacos elaboraram um modelo estatístico para quantificar o alcance de manipulações em processos eleitorais, como a ocorrida no último ano nas eleições parlamentares da Rússia. E, nesse caso específico, os resultados indicam que houve fraude em 64% dos distritos. O estudo foi citado pelo site da revista Nature.
Os cálculos da equipe, liderada pelo físico austríaco Peter Klimek, revelam ainda que em 3.000 distritos eleitorais, de um total de 60.000, foi registrado o que os cientistas qualificam como “fraude eleitoral extrema”. Nesses distritos, a Rússia Unida, partido do primeiro-ministro, Vladimir Putin, obteve 100% dos votos, com participação de 100% dos eleitores.
Para explicar melhor o alcance dessa fraude, Klimek recorre ao mundo do futebol: “É tão provável como se um time tivesse vencido 5% de suas partidas com um marcador de 100 gols a zero”.
Os dados analisados pelos cientistas austríacos também indicam que a fraude na Rússia cresce a cada eleição. Nos pleitos de 2003 e de 2007, as manipulações afetaram cerca de 30% dos colégios eleitorais, enquanto a porcentagem das fraudes extremas foi de 1% há nove anos e de 4% há cinco.
Resultados – Com essas manipulações – que, segundo Klimek, se devem ao chamado “ballot stuffing”, ou seja, o enchimento das urnas com cédulas antes do início do pleito -, o partido de Putin conseguiu quase 50% dos votos e a maioria no Parlamento nas últimas eleições, o que causou uma onda de protestos em todo país.
Segundo os cálculos de Klimek, que realiza suas pesquisas no centro estatístico da Universidade de Medicina de Viena, em condições regulares, o partido de Putin teria conseguido entre 30% e 35% dos votos nas últimas eleições.
O cientista, porém, reconhece que o modelo não serve como prova formal de que houve fraude eleitoral, já que o estudo é baseado em um cálculo estatístico.
(Com agência EFE)