Dirigentes sem-terra criticam pedido de impeachment de Lugo
Movimento, contudo, ainda não tem uma posição oficial sobre o caso
Dirigentes das organizações de sem-terra da região paraguaia de Curuguaty, onde seis policiais e onze carperos (como são chamados os sem-teto) morreram em um conflito na sexta-feira passada, classificaram o pedido de impeachment contra o presidente Fernando Lugo como “oportunismo político”. Os dirigentes, porém, ressaltaram que o movimento não tem ainda uma posição oficial sobre o processo contra o governante – eles devem se reunir em breve para decidir se darão ou não apoio a Lugo.
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Em virtude da possibilidade de impeachment, os protestos sem-terra desta quinta-feira foram suspensos mais cedo do que o planejado. Os dirigentes do movimento, entretanto, afirmaram que os carperos seguirão protestando pela distribuição de terras e pela libertação de 12 integrantes do grupo detidos na semana passada durante o confronto.
O confronto – Na sexta-feira passada, seis policiais paraguaios e onze sem-terra morreram em um confronto ocorrido durante uma reintegração de posse na cidade de Curuguaty, que faz fronteira com o Paraná. Cerca de cem pessoas ficaram feridas.
O confronto ocorreu na fazenda Morumbi, que pertence ao ex-senador Blas Riquelme, do Partido Colorado, da oposição. De acordo com a imprensa local, os sem-terra invadiram o local e preparam um esquema “militar” de defesa. Após o conflito, Riquelme afirmou que os carperos (como são chamados os sem-teto) podem ter sido treinados pelo grupo guerrilheiro Exército do Povo Paraguaio (EPP), que atua no país.
A polícia foi criticada por ter falhado nos trabalhos de inteligência – que não teriam detectado a preparação dos sem-teto para resistirem à reintegração de posse. Lugo substituiu a cúpula da polícia logo após o caso e, na quarta-feira, anunciou a formação de uma comissão especial, com apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA), para investigar o episódio.