Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Corão: pastor hesita e a revolta explode

Nos holofotes, Jones agora diz que não se decidiu sobre queima. E Afeganistão sofre protestos violentos - que incluem até tentativa de invasão de base da Otan

Por Da Redação
10 set 2010, 08h20

Transformado da noite para o dia em figura conhecida no mundo todo – e com a missão de irritar os muçulmanos cumprida -, Jones tem nas mãos a chance de tornar a situação ainda mais explosiva

O recuo do pastor Terry Jones em sua promessa de queimar exemplares do Corão no sábado, nono aniversário do 11 de Setembro, não foi suficiente para aplacar a fúria dos radicais muçulmanos. No Afeganistão, milhares de manifestantes participaram de vários protestos contra os Estados Unidos. Num deles, uma bandeira americana foi queimada e a multidão gritou “morte aos cristãos”. Três pessoas foram baleadas por seguranças privados de uma base militar da Otan na província de Badakhshan. Enquanto isso, o religioso americano que provocou toda a polêmica segue conseguindo chamar atenção – depois de anunciar que tinha desistido de queimar o Corão, o pastor Jones agora fala que está em dúvida.

No Afeganistão, enquanto os protestos ganhavam força, o presidente Hamid Karzai afirmava que a promessa do pastor sobre o Corão é um insulto aos seguidores do islamismo. A explosão da onda de protestos tem uma explicação clara: a sexta-feira é o dia dos sermões dos clérigos muçulmanos nas mesquitas do mundo árabe, e a presença de fiéis nos templos nesta sexta foi ainda maior do que de costume, já que o dia marca o fim do Ramadã, mês sagrado do islamismo. Boa parte da revolta em território afegão surgiu logo na saída dos muçulmanos das mesquitas. No protesto que se transformou em conflito em Badakhshan, cerca de 1.500 pessoas foram às ruas. Um grupo chegou a tentar invadir a base da Otan.

Pelo menos cinco localidades afegãs registraram protestos contra os ocidentais. De acordo com testemunhas ouvidas pela rede britânica BBC, os manifestantes atacavam principalmente o governo americano, pela não proibição da queima do Corão – algo que seria impossível, já que a Constituição americana garante o direito de realizar atos desse tipo. Depois de anunciar que tinha cancelado o protesto de sábado, o pastor Jones disse na noite de quinta que o plano está apenas suspenso, para que ele avalie o que fazer. Transformado da noite para o dia em figura conhecida no mundo todo – e com a missão de irritar os muçulmanos cumprida -, Jones tem nas mãos a chance de tornar a situação ainda mais explosiva.

Continua após a publicidade

Leia no blog do Reinaldo Azevedo:

O comportamento da Casa Branca foi inaceitável, subserviente ao olhar do inimigo. Inimigo? De que “inimigo” estou falando? Dos muçulmanos do mundo inteiro? É claro que não! Apenas os extremistas estavam protestando, como sempre. Assim como apenas os extremistas queimam o Alcorão, a Bíblia, a Torá, bandeira americana ou bandeira de Israel. Com algumas diferenças: extremistas, no Ocidente, costumam queimar coisas; aqueles outros costumam queimar pessoas. O governo americano e, de certo modo, o Ocidente se tornaram reféns do radicalismo – mas não do radicalismo de um líder evangélico. Obama poderia ter sido inteligente sem ter sido fraco. Aos ser fraco, demonstrou também pouca inteligência.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.