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Bósnia: 30.000 pessoas em Srebrenica para lembrar massacre

Por Por Rusmir SMAJILHODZIC
11 jul 2012, 14h49

Cerca de 30.000 pessoas participaram nesta quarta-feira, em Srebrenica (leste da Bósnia), do funeral de 520 mulçumanos mortos em 1995 pelas forças sérvio-bósnias, em um massacre considerado pela justiça internacional como genocídio.

Pela primeira vez, desde o fim do conflito étnico de 1992-95, o aniversário acontece com os principais responsáveis pelo massacre, Ratko Mladic e Radovan Karadzic, atrás das grades e sendo julgados pela justiça internacional depois de anos foragidos.

Por ocasião deste 17º aniversário, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, denunciou as tentativas de “negar o fato indiscutível de que um genocídio” ocorreu em Srebrenica.

No início de junho, logo após sua eleição, o novo presidente da Sérvia, o nacionalista Tomislav Nikolic, negou em uma entrevista a existência do genocídio, o que indignou a opinião pública.

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Após uma oração aos mortos proferida pelo grão-mufti da Bósnia, os caixões – envoltos em mortalhas verdes – com os restos das 520 vítimas do massacre, encontrados e identificados desde o aniversário anterior, foram enterrados.

“É muita dor, uma dor sem fim. E, a cada ano, quando o 11 de julho se aproxima, esta dor se torna insuportável”, disse chorando Sevdija Halilovic, que veio ao memorial de Potocari, próximo de Srebrenica, para o funeral de seu pai.

“Meus dois irmãos também foram mortos no massacre, mas eles não foram encontrados”, suspirou.

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No dia 11 de julho de 1995, poucos meses antes do fim do conflito, as tropas sérvias tomaram o controle de Srebrenica, reduto muçulmano proclamado “zona protegida” da ONU.

Aproximadamente 8.000 homens e adolescentes foram assassinados em poucos dias. Foi a pior atrocidade cometida na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

O enterro das vítimas exumadas de valas comuns é organizado anualmente no centro memorial de Potocari para marcar o aniversário do massacre. Até hoje, 5.137 vítimas foram enterradas.

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Após escaparem da justiça por anos, os ex-líderes militares e políticos dos sérvios da Bósnia, Radovan Karadzic e Ratko Mladic, são finalmente julgados pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia (TPII).

O julgamento do ex-general Mladic, 70 anos, que começou este ano, foi retomado na segunda-feira com o primeiro depoimento de uma testemunha de acusação. Apelidado de “açougueiro dos Balcãs”, ele foi preso na Sérvia em 2011, após dezesseis anos em fuga.

Acusado pelos mesmos crimes, Radovan Karadzic, 67 anos, foi detido em Belgrado, em julho de 2008, depois de se esconder por treze anos. Seu julgamento começou em outubro de 2009.

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Até o momento, 38 ex-soldados e policiais sérvios-bósnios foram condenados à prisão pelo TPII e pela justiça da Bósnia pelo massacre de Srebrenica, incluindo alguns por genocídio.

Mas as famílias das vítimas têm dificuldade em acreditar que a justiça será feita.

“O julgamento vai durar anos”, lamenta Fátima Mujic, que veio para enterrar seu irmão.

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“E no final, estes dois selvagens vão morrer antes de serem condenados, assim como Slobodan Milosevic, e os sérvios vão continuar a dizer que não houve genocídio em Srebrenica”, acrescenta esta mulher de 39 anos, cujo marido também foi morto no massacre.

Também acusado, entre outras coisas, pelo massacre de Srebrenica, o ex-presidente sérvio, Slobodan Milosevic, morreu em 2006 na prisão do TPII antes do final de seu julgamento.

“Eles querem testemunhas? Aqui estão as testemunhas! Não precisa buscar muito longe”, afirma Muniba Cakar, 63 anos, que enterrou o marido, mostrando milhares de lápides no memorial Potocari.

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