Argentina: multidão volta a protestar contra Cristina Kirchner
A lista de reclamações é bem longa: reforma do Judiciário, corrupção, restrição à compra de dólares, inflação, insegurança, falta de investimentos
Milhares de manifestantes saíram às ruas de Buenos Aires nesta quinta-feira para protestar, mais uma vez, contra o governo de Cristina Kirchner. Um dos principais alvos das reclamações é a reforma judicial enviada ao Congresso na semana passada, que é vista pela oposição como uma tentativa do governo de controlar o Poder Judiciário. Os manifestantes de diferentes setores de oposição seguiram até a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do Poder Executivo.
Muitos cartazes com mensagens como “2015 sem Cristina”, “Não ao autoritarismo” e “DiKtadura”, podiam ser vistas no meio da multidão, que também realizou o tradicional panelaço. Nas imediações do Obelisco, que fica na principal avenda da capital, também havia cartazes com as frases: “Corruptos fora”, “O povo está vivo, o modelo está morto” e “Não domestiKar a Justiça”, informou o jornal La Nación.
Outros pontos de reclamação dos manifestantes são a insegurança, a inflação, as dificuldades para a compra de dólares e o uso abusivo da rede nacional para pronunciamentos oficiais.
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Esta é a terceira mobilização popular em menos de um ano contra o governo Kirchner – as outras foram realizadas em 13 de setembro e 8 de novembro. Nesta, ao contrário das anteriores, partidos de oposição participam de forma ativa. “Agradeço a Deus por este povo ter saído a defender a liberdade. Precisamos não ter medo”, disse a deputada Elisa Carrió, da Coalizão Cívica.
A ideia da passeata havia nascido há mais de um mês, mas só foi difundida nas redes sociais depois das mortes em razão das inundações em La Plata, informou o jornal Clarín. Os manifestantes reclamam da falta de investimento do governo em infraestrutura. Ao longo da marcha, ouviu-se o hino nacional e foi aberta uma enorme bandeira da Argentina, com uma faixa negra em sinal de luto.
Além de Buenos Aires, o protesto também ocorre em outras localidades do país, como La Plata, Cordoba, Mendonza, Santa Fe, Rosario e Salta. Também houve protestos fora do país. Em frente à embaixada argentina em Londres, uma centena de argentinos levaram cartazes com os dizeres: “Argentina sem Cristina”, “Basta de corrupção”, “Honestidade”, “Respeito à Constituição”. Entre os manifestantes, ex-exilados políticos, advogados, aposentados, estudantes, turistas.
Uma das participantes, a deputada Patricia Bullrich, da União por Todos, disse que a oposição argentina deveria tentar se unir, usando como exemplo o setor anti-governista da Venezuela, liderado por Henrique Capriles. “Temos que fazer como na Venezuela, nos unir o máximo para frear o governo”.
Cristina Kirchner, aliás, não está no país. Ela viajou a Lima, para participar da reunião extraordinária convocada pela Unasul exatamente para discutir a delicada situação política na Venezuela. E nesta sexta, acompanhará em Caracas o juramento de Nicolás Maduro como presidente venezuelano.
(Com agências AFP e Reuters)