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De brincadeira, Adriano atirou em mulher dentro do carro

Policial civil afirma que jogador 'esqueceu' uma bala na agulha da pistola e ainda não foi à delegacia prestar esclarecimentos. Arma era do segurança, um PM reformado

Por Da Redação
24 dez 2011, 11h28

Adriano assumiu, segundo a polícia, toda a responsabilidade pelo tratamento. Mas responsabilidade e Adriano são palavras difíceis de combinar: Adriane contou à polícia que o jogador brincava com uma pistola calibre 0.40 quando fez o disparo acidental

O disparo foi acidental, mas o jogador Adriano está, novamente, enrolado com a polícia. O jogador do Corinthians é aguardado para prestar depoimento na 16ª DP (Barra da Tijuca), no Rio de Janeiro, para explicar como a jovem Adriene Cyrillo Pinto, 20 anos, foi baleada dentro de seu carro, um BMW 550i, na madrugada deste sábado, véspera de Natal.

Adriene está internada no Hospital Barra D’Or, para onde foi levada por seguranças do jogador logo depois do tiro. Adriano assumiu, segundo a polícia, toda a responsabilidade pelo tratamento. Mas responsabilidade e Adriano são palavras difíceis de combinar: Adriane contou à polícia que o jogador brincava com uma pistola calibre 0.40 quando fez o disparo acidental.

O roteiro da inconseqüência é perfeito: depois de saírem da casa noturna Barra Music, na Avenida Ayrton Senna, em Jacarepaguá, pouco antes da 5h, Adriano, seu segurança, o tenente reformado da PM Cesar Barros de Oliveira, 52 anos, e quatro mulheres seguiram para a Barra da Tijuca. É só um detalhe, mas vale registrar: no carro havia seis pessoas, quando máximo permitido é de cinco. Adriano, então, resolveu brincar com a arma do policial. No estado em que costuma ficar quem sai de uma boate às 5h, Adriano tirou o carregador da arma. Mas esqueceu uma bala na agulha.

“Ela (Adriene) saiu do interior do veículo alvejada”, contou o policial que atendeu a ocorrência. “Em um primeiro momento, negou-se a dizer quem deu o tiro. Depois, quando esfriou a cabeça, ela me informou que a arma era do segurança e estava em posse do Adriano. Ele veio a disparar acidentalmente. Quando tirou o carregador, deixou uma bala na agulha da pistola. Talvez de brincadeira, ou por descuido, o projétil foi disparado. Quem avisou foi o hospital”.

Após o disparo, Adriano parou o carro e passou a jovem para o carro em que estavam seus outros seguranças, que vinha logo atrás. O jogador tirou a camisa e enrolou na mão da jovem, para tentar conter o sangramento. Em vez de seguir para a delegacia, Adriano, alegando sentir-se mal, foi para casa. No meio da tarde deste sábado, o jogador passou no hospital para visitar Adriene e, em seguida, encontrou-se com o delegado Carlos Cesar Santos para prestar depoimento. Ele deixou o local sem falar com a imprensa e não quis comentar nada sobre o caso.

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Contradições – O tenente reformado Júlio Cesar, dono da pistola, foi um dos primeiros a prestar depoimento. “Foi um acidente, não emprestei arma para ninguém”, disse, ao chegar à delegacia. Ele não explicou, no entanto, como o tiro foi disparado, e quem segurava a arma. Ao deixar a delegacia, o tenente negou saber quem fez o disparo. “Se eu estava dirigindo, como ia saber quem atirou?”, disse, como se o interior do automóvel tivesse o espaço de um transatlântico. Duas das mulheres que estavam no banco de trás, amigas do jogador, disseram que não sabiam quem havia atirado.

Cobrar coerência e boa memória às 5h, do grupo que aceita uma carona de Adriano, é acreditar muito na sorte. Viviane Fraga também não viu quem atirou. Mas viu Adriano manuseando a arma.

O delegado plantonista que tomou os depoimentos, Carlos Cesar Santos, da 21ª DP (Bonsucesso), afirmou que o fato de Adriano ter ido para casa prejudica a perícia. “Ele pode lavar as mãos, modificar características importantes das provas necessárias para esclarecer o que aconteceu. Alguém está mentindo nessa história”, disse, ao deixar a 16ª DP para ouvir novamente a jovem baleada, no hospital.

A BMW branca do jogador, com placa de São Paulo, foi levada para a 16ª DP. O carro tinha marcas de sangue – que, pelo que constatou a polícia, alguém tentou apagar. Caso Adriano seja condenado pelo disparo, o crime é o de lesão corporal culposa – sem inteção. A pena varia entre seis meses e dois anos de detenção.

Boletim médico – Segundo o boletim médico divulgado na tarde deste sábado pelo Hospital Barra D’or, do Rio, Adriene “passa bem”. Ela sofreu fratura exposta na mão esquerda, já passou por um “princípio de procedimento cirúrgico para exploração da ferida” e ainda fará uma “cirurgia de reconstrução” da área afetada pela bala.

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(Com reportagem de Leo Pinheiro e informações da Agência Estado)

Nota:

Em depoimento no dia 28 de dezembro de 2011, Adriene Cyrillo mudou sua versão sobre o caso. Adriene admitiu que mentiu quando afirmou, no dia 24 de dezembro, que o disparo fora feito por Adriano, sentado no banco traseiro do veículo.

No dia 3 de janeiro de 2012, foi divulgado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro o resultado do exame de resíduo de pólvora. Não foram encontrados vestígios nas mãos de Adriano. Também não foi detectado resíduo de pólvora nas mãos de Adriene Cyrillo.

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