Buenos Aires, 15 fev (EFE).- A reivindicação argentina de soberania sobre as Malvinas chegou ao futebol com a decisão da Federação Argentina de Futebol (AFA) de batizar a próxima edição do Torneio Clausura de ‘Crucero General Belgrano’, em homenagem ao navio que afundou durante a guerra disputada com o Reino Unido em 1982, pelo domínio das ilhas.
O Comitê Executivo da entidade aprovou na terça-feira em reunião a nova denominação do campeonato nacional, que começou no fim de semana passado.
A troca de nomes faz parte de uma iniciativa do Governo argentino dentro da retomada da tensão com o Reino Unido pela disputa sobre a soberania das Ilhas Malvinas, quando se aproxima do 30º aniversário da guerra entre os dois países, que resultou na morte de quase 900 pessoas.
A mudança levou a Fifa a pedir explicações à AFA, já que o estatuto do organismo que regular o futebol mundial ‘proíbe a discriminação política’, afirmou a imprensa local.
Diferentes versões advertiram sobre uma possível punição da Fifa, cujo um dos vice-presidentes é o principal dirigente da AFA, Julio Grondona, mas a entidade argentina descarta que o organismo máximo do futebol mundial estabeleça uma punição pela polêmica denominação do campeonato em um país que ‘respira futebol’.
A AFA mantém desde 2009 um acordo de dez anos com o governo argentino para a transmissão gratuita dos jogos de futebol da Primeira Divisão, durante a qual são veiculados anúncios oficiais sobre as ações estatais.
O conflito pela soberania das ilhas atingiu inclusive o Lanús, que decidiu colocar o mapa das Malvinas nas mangas de suas camisas.
Segundo o presidente do clube, Nicolás Russo, sua administração preferiu deixar de contar com um patrocinador, para que a manga do uniforme mostre as ilhas ‘como um símbolo’ pelo qual todos os argentinos estão comprometidos.
‘Este ano o assunto das Malvinas é política de Estado, e o Lanús quer acompanhar esta situação’, afirmou o dirigente.
O afundamento do ‘General Belgrano’ ocorreu no oceano Atlântico, com 1.093 tripulantes a bordo, no dia 2 de maio de 1982, por conta de ataques do submarino nuclear britânico ‘Conqueror’, jogando por terra questões diplomáticas para conseguir um cessar-fogo no conflito.
Cerca de 320 marinheiros morreram no naufrágio após o ataque do submarino britânico, que aconteceu fora da ‘zona de exclusão’ militar fixada pelo Reino Unido, quando deslocou suas forças navais e tropas para manter o domínio das ilhas, o que faz desde o início de sua ocupação, em 1833. EFE