MP investiga racismo no ‘BBB16’ por uso de boneco-esponja com black power
Segundo reclamações recebidas pelo MPF, objeto "reforça um estigma de comparação entre o cabelo crespo e uma esponja de aço e contribui para ofender a imagem do negro no país"
A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro abriu um procedimento preparatório para investigar se houve discriminação racial por parte Rede Globo na utilização de uma esponja de lavar louça que tem a forma de um boneco com cabelo black power. Fabricado por uma empresa britânica, o utensílio compôs o visual do Big Brother Brasil. Segundo nota do MPF, a Seção de Atendimento ao Cidadão do Ministério Público Federal recebeu diversas reclamações sob a alegação de que “o objeto reforça um estigma de comparação entre o cabelo crespo e uma esponja de aço e contribui para ofender a imagem do negro no país”.
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De acordo com o procurador Renato Machado, desde que o reality show teve início, em 19 de janeiro, as queixas não param de chegar, incluindo da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Por avaliar que elas tratam de um interesse coletivo, a Procuradoria Regional decidiu enviar um ofício à Globo, intimando-a a prestar esclarecimentos. “A forte manifestação popular na internet, através de comentários em redes sociais, também será levada em consideração”, diz Renato. “Vamos apurar se houve, de fato, discriminação. Em princípio, entendemos que a esponja-boneco reforça dois estereótipos preconceituosos: a de que lugar de negro é na cozinha e de que o cabelo afro é semelhante à palha de aço”, explicou.
Segundo o procurador, a emissora tem até o fim de fevereiro para se posicionar e se retratar, tirando o utensílio do programa. Caso não o faça, o MP deve cobrar reparação de danos. Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Rede Globo confirmou que o ofício foi recebido e que a esponja, representando um dançarino disco dos anos 1970, faz parte de uma coleção que retrata ícones de gerações e culturas diversas, como uma moça descolada dos anos 60, um soldado da guarda inglesa e até a rainha Elizabeth. Estes outros modelos estão sendo colocados na casa conforme as necessidades de uso e já podem ser vistos no ar.