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Mais vaia em Cannes — e agora para os Irmãos Dardenne

Em 'La Fille Inconnue', uma fábula moral sobre a culpa, uma médica se sente responsável por não ajudar uma garota que termina morta e começa uma investigação para descobrir a sua identidade

Por Mariane Morisawa, de Cannes
18 Maio 2016, 08h50

O impossível aconteceu: La Fille Inconnue, novo filme dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, vencedores de duas Palmas de Ouro, recebeu vaias na sessão de imprensa na manhã desta quarta-feira. Foram bem poucas e esparsas, verdade. Mas existiram.

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Não era para tanto, ainda que o longa-metragem não empolgue. A proposta naturalista dos cineastas sofre com alguns exageros nas ações da personagem principal, uma mulher, como foi nos últimos filmes dos irmãos belgas, Dois Dias, Uma Noite (2014), estrelado por Marion Cotillard, e O Garoto da Bicicleta (2011), com Cécile de France. Aqui, a francesa Adèle Haenel, vencedora do César em dois anos seguidos, interpreta a médica Jenny Davin. Logo numa das primeiras cenas, a jovem doutora dá uma bronca em seu residente Julien (Olivier Bonnaud) porque ele se deixa levar pela emoção e não a ajuda a cuidar de um paciente. É preciso ser frio, diz. Mas logo em seguida ela vai se contradizer.

Um policial bate à porta da clínica perguntando se pode ter acesso às câmeras de segurança porque, na noite anterior, uma jovem sem identificação foi encontrada morta bem perto dali. Jenny se dá conta de que a garota bateu à porta do consultório, pedindo ajuda, mas ela decidiu não abrir porque tinha passado o horário do expediente. A culpa que sente a move a empreender uma investigação para descobrir a identidade da vítima, uma imigrante africana. Em sua busca, que lembra um pouco a de Sandra (Marion Cotillard) em Dois Dias, Uma Noite, a médica acaba irritando muita gente. Mas a verdade é que sua ação faz com que muitos parem para pensar em suas próprias responsabilidades.

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https://youtube.com/watch?v=Wpstyz7BDoc

Os filmes dos irmãos Dardenne sempre colocam seus personagens diante de um dilema moral. Em A Promessa, era como manter a palavra dada a um homem à beira da morte, mesmo indo contra as ordens de seu pai. Em Rosetta, qual o limite da luta pela sobrevivência. La Fille Inconnue pergunta se é possível simplesmente fechar os olhos para as injustiças à nossa volta.

“Nossos filmes contam histórias individuais, são fábulas morais, mas também têm um componente social. Os espectadores podem analisá-los como reflexo da sociedade”, disse Luc, o irmão mais falante, na coletiva de imprensa que se seguiu à exibição. “Mas não estamos mandando uma mensagem. Nosso interesse era na história da Dra. Jenny, que não quer fingir não saber de nada, precisa se engajar. Não estamos dizendo que é assim que todo o mundo deve agir, mas essa mulher sente-se responsável e faz alguma coisa. E no fim consegue que as pessoas mudem. Aí está a esperança do filme.”

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Indagado se La Fille Inconnue poderia ser uma leitura sobre os ataques terroristas recentes em Paris e na Bélgica, Jean-Pierre disse que não. “Essa história estava na nossa cabeça fazia tempo, rodamos antes dos atentados”, afirmou. Luc acrescentou: “O filme é um hino à vida. Como em todos os nossos trabalhos, tentamos captar o fluxo da vida. Nossas imagens defendem a vida, não a morte”.

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