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Lilyhammer: 3ª temporada vai da neve ao ‘Rio 40 graus’

Série da Netflix libera, nesta sexta, os novos episódios gravados na cidade. Steven van Zandt conta ao site de VEJA como e por que escolheu o Brasil

Por Patrícia Villalba
21 nov 2014, 07h18

Nas duas primeiras temporadas de Lilyhammer, série original da Netflix produzida na Noruega, Frank Tagliano (Steven van Zandt) demonstrou que você pode até sair da máfia, mas a máfia não sai de você – pelo menos, não tão fácil. Na nova leva de oito episódios, que o serviço de streaming disponibiliza a assinantes do mundo todo nesta sexta-feira, o gângster um tanto atrapalhado deixa claro que a confusão é sua melhor companhia e, bem longe das geleiras nórdicas, vem entrar numa tremenda fria em pleno Rio de Janeiro, a 40 graus. “A boa pergunta é o que o traz aqui”, diz ele em conversa com o site de VEJA nos bastidores de gravação. Em março, durante duas semanas, uma equipe norueguesa filmou em diversos pontos da cidade, como Morro do Vidigal, Centro e Santa Teresa, além de Petrópolis, na Região Serrana.

Conhecido pelo papel de Silvio Dante, o braço direito de Anthony Soprano (James Gandolfini) em Os Sopranos (HBO, 1999-2007), e também por ser guitarrista e bandolinista da E Street Band de Bruce Springsteen, Van Zandt é produtor executivo, roteirista, responsável pela trilha sonora e, claro, a grande estrela do seriado. “Não é tão difícil quanto parece. Quando estou aqui atuando, é porque toda a parte de negócios, como produtor executivo, e a de criação, como roteirista e compositor da trilha, já estão resolvidas. Atuar, portanto, é a diversão. E é muito bom ser o roteirista e estar no set, podendo mudar uma fala ou a direção de uma cena diante das possibilidades que vão aparecendo”, anota o artista de 64 anos e inquietação invejável. “Mas, para mim, o momento mais delicado é o da criação dos roteiros e da trilha. Faço muitas coisas ao mesmo tempo, mas me sinto vivo quando estou criando”, acrescenta.

Foi dele a ideia de ambientar parte da terceira temporada no Brasil e também de usar algumas de nossas mazelas e clichês como combustível humorístico. Se no começo do seriado a graça era o choque cultural do tipo italianado que, após uma delação premiada, deixava a caótica Nova York para se adaptar, na marra e sob nova identidade, à correta Lillehammer, desta vez é o jeitinho brasileiro que vai tirá-lo do sério. Tudo começa quando um de seus ingênuos funcionários na boate Flamingo, Roar (Steinar Sagen), vem encontrar uma namorada brasileira que conheceu pela internet, moradora de numa favela do Rio. “As coisas não acontecem como ele imaginava. Daí, acaba tendo problemas com a polícia e vai parar na cadeia. Por isso, Frank e Torgeir (Trond Fausa) vêm resgatá-lo”, adianta Sagen.

Segundo Van Zandt, Cuba era a primeira opção da produção, mas a ideia foi descartada devido à dificuldade de levar uma equipe de filmagem à ilha de Fidel. “Tínhamos esse argumento inicial do envolvimento romântico pela internet, uma maneira de manter o caráter internacional que é fundamental à série – ela não é uma história norueguesa, apenas. Na temporada passada, envolvemos a Inglaterra no roteiro. Desta vez, pensamos em levar os personagens a algum lugar da América Latina. Quando Cuba foi descartada, olhamos para o mapa e eu pensei: ‘Ok, vamos para o Brasil'”, lembra ele, que havia vindo ao país no ano passado tocando com Springsteen no Rock in Rio.

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https://youtube.com/watch?v=MjhSsC8KiL8

Corrupção no alto escalão da segurança pública, tráfico de drogas e superlotação de presídios incrementam o roteiro. Numa das passagens, quando chega ao gabinete de uma autoridade que pode livrar Roar da prisão mediante propina (interpretado pelo brasileiro Eduardo Semerjian), Frank dá de cara com uma horda surrealista de manifestantes que pedem o fim da matança de baleias – certamente um gancho tirado dos protestos de junho do ano passado, cujas imagens rodaram o mundo. Em outra cena hilariante, Roar consegue um papel numa telenovela de época, uma espécie de A Escrava Isaura (daí, as gravações na Petrópolis imperial). Bem diferente do tipo “gringo amando o Rio de Janeiro”, os atores do elenco não se mostraram deslumbrados com o trio samba-mulata-caipirinha. Muito pelo contrário: eles estiveram na cidade em plena campanha do ‘Não Vai Ter Copa’ e pareciam apreensivos com a segurança. “Falam muitas coisas negativas daqui, mas o povo é bem amistoso. O que mais me chamou a atenção foi quando gravamos na favela. A desigualdade social é um pouco chocante para nós”, confessou Sagen que, pelo menos àquela altura, não tinha provado nem uma caipirinha sequer.

Não é o caso de pensar que a série retrata mal o país – quem viu as duas primeiras temporadas de Lilyhammer sabe o quanto os noruegueses são bons em rir de si mesmos. Boa parte da graça é justamente a adaptação de Frank aos corretíssimos noruegueses que, na sociedade que parece perfeita, soam muitas vezes como ingênuos perto do ex-capo americano. No fim das contas, a mensagem é que mesmo tentando seguir à risca os conselhos do serviço de proteção à testemunha, Frank Tagliano não é o tipo que segue as normas. No Brasil, não seria diferente. “Em Os Sopranos, eu tinha o Gandolfi como chefe. Na E Street Band, o Bruce é o chefe. Aqui, o chefe sou eu, e é ótimo”, diverte-se Van Zandt, muito animado com o modelo de produção que tem experimentado com a Netflix. “A liberdade que nos dão é enorme. Fico feliz, porque Os Sopranos foi um marco da HBO na história da televisão mundial. Agora, estou de novo participando de uma revolução, que é a TV pela internet.”

Por causa do seriado, o ator tem passado cinco meses por ano em Lillehammer, pequena cidade que teve seu ponto alto em 1994, quando sediou os Jogos Olímpicos de Inverno. “É muito gelado e muito seco, o que faz o frio parecer duas vezes mais forte. Mas é interessante. Você passa mais tempo dentro de casa. Grava o dia todo em externas, num frio tremendo e, no fim, chega ao quentinho do hotel, acende uma lareira, toma um vinho. O frio pode ser muito sexy, sabe?”

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Criada por Anne Bjornstad e Elilif Skodvin para a produtora norueguesa Rubicon TV, associada à Netflix, Lilyhammer surgiu para que Van Zandt encarnasse Frank Tagliano, como um personagem sob medida. As duas primeiras temporadas, antes exibidas na TV norueguesa, foram disponibilizadas no final de 2011. “Eles me procuraram e disseram que tinha de ser eu. Fiquei preocupado, porque eu já tinha ficado marcado pelo tipo gângster com Os Sopranos“, confessa. “Mas, enfim… Li o roteiro e pensei: ‘Quem se importa com rótulos?. Não tive como recusar, quis participar disso pelo projeto, como um todo. A série foi escolhida pela Netflix por ser uma história universal, única, e que se comunica com os mais diversos países”, completa.

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