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Hans Hartung, mestre da arte abstrata, ganha 1ª retrospectiva no país

Trajetória do pintor e gravurista franco-alemão é tema de exposição no CCBB, em São Paulo

Por Mariana Amorim
8 nov 2014, 10h52

Durante a infância, quando a maioria das crianças toma gosto por desenhar seres humanos, Hans Hartung (1904-1989) preferia relâmpagos e ilustrava uma quantidade infinita deles em seu caderno. O gosto pela contemplação da natureza e o desejo de experimentação fizeram com que o artista franco-alemão começasse a pintar cedo, aos 16 anos, e logo se tornasse um dos nomes mais importantes do abstracionismo europeu. No Brasil, ele chegou a ter obras exibidas na Bienal de São Paulo, em 1955, mas segue pouco conhecido, situação que pode mudar a partir deste fim de semana, quando ganha sua primeira retrospectiva na América Latina, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), também na capital paulista.

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A mostra Hans Hartung – Oficina do Gesto apresenta 162 obras nos quatro andares e no subsolo do CCBB. Entre elas, estão estampas, pinturas sobre cartão, telas de grandes dimensões, obras em papel e aquarelas, além de objetos de seu acervo, vídeos e fotografias. O conjunto explora a evolução na linguagem do artista e exibe trabalhos ricos em técnica, como a reprodução em telas de grande porte, pintadas a partir de desenhos feitos de maneira impulsiva em papel.

“Já tivemos exposições de Hartung em diversos lugares da Europa e da Ásia, mas nunca na América Latina. Esta mostra é importante tanto para inspirar as novas gerações, quanto para mostrar o papel histórico dele, que foi um dos primeiros nomes do abstracionismo europeu, e do tachismo, uma vertente livre do movimento”, disse Bernard Derderian, que foi assistente de Hartung e é um dos curadores da mostra, em coletiva para a imprensa. “A ideia é mostrar uma linha histórica do abstracionismo de Hartung. Explorar o modo como ele iniciou a sua arte e perceber a coerência com que trabalhou até o final da carreira.”

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A longa e prolífica carreira de Hartung tem seu auge após a Segunda Guerra Mundial, em que ele lutou na Legião Estrangeira contra o nazismo e, após um ferimento, teve a perna direita amputada. A limitação física, que o fez usar cadeiras de rodas e trabalhar com a ajuda de assistentes, serviu de impulso para sua arte e culminou na reinvenção de objetos comuns em instrumentos de trabalho. Utensílios como compressores, vassouras, folhas e galhos de árvores, maçaricos, aspiradores de pó e outros objetos peculiares, se tornaram ferramentas para Hartung pintar telas de grandes dimensões. Seu distinto processo criativo chegou a ser registrado pelo cineasta francês Alain Resnais, no filme Visite à Hans Hartung, de 1947.

“É importante ressaltar a liberdade conceitual de Hartung. Ele era diferente de alguns colegas, como Wassily Kandinsky e Piet Mondrian, que pintavam nessa época com a influência da Bauhauss, e tinham uma preocupação com a geometria e seus significados. Hartung não queria se aliar a isso, e optou pelo tachismo, pela liberdade da mancha. Ele queria usar sua própria maneira de abstração, sem se afiliar ou participar de um grupo que tivesse determinadas regras”, disse Derderian.

Em 1987, Hartung sofre um AVC, o que limita ainda mais seus movimentos, mas, inesperadamente, aumenta a sua produção: no ano de sua morte, ele chegou a pintar 360 quadros. Quantidade impressionante para um artista comum, mas que cabe de forma adequada no histórico do mestre da arte abstrata.

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A exposição Hans Hartung – Oficina do Gesto se estende até 12 de janeiro e pode ser conferida em todos os dias da semana, com exceção das terças, das 9h às 21h, com entrada gratuita. O CCBB fica na rua Álvares Penteado, 112, Centro.

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