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Chico Buarque proíbe uso de suas letras em musical que criticou o PT

Durante apresentação em BH, os petistas da plateia de um espetáculo baseado nas músicas do cantor ficaram enfurecidos com "cacos" contra Dilma e Lula. E Chico tomou as dores dos patrulheiros

Por Da Redação
20 mar 2016, 19h07

Na tarde deste domingo, 20, Chico Buarque de Hollanda demonstrou que não está com humor para provocações políticas no momento. O cantor e compositor que nos tempos áureos cutucava a ditadura militar em suas letras desautorizou o uso de suas canções num musical após “cacos” – versos introduzidos de improviso – contra a presidente Dilma Rousseff e o ex Luiz Inácio Lula da Silva provocarem reações da plateia durante apresentação em Belo Horizonte, na noite de sábado.

O espetáculo Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos foi interrompido por gritos de “Não vai ter golpe” – sim, as palavras de ordem sempre sacadas pelos petistas para rebater as denúncias de malfeitos contra o partido levantadas pela operação Lava-Jato. Parte do público não aceitou um comentário do ator e diretor Claudio Botelho contra a presidente Dilma e o ex-presidente Lula. Instalada a confusão, o espetáculo acabou interrompido antes do fim.

O musical é uma história sobre um grupo de atores mambembes que, de cidade em cidade, vivem diversas histórias embaladas por canções de Buarque. “Sempre faço improvisos em um determinado momento do espetáculo, incluindo comentários políticos, criticando de Dilma a Eduardo Cunha, e nunca enfrentei nenhuma reação negativa”, contou Botelho à reportagem do jornal O Estado de S.Paulo.

O momento a que ele se refere é quando seu personagem, dono de uma companhia de teatro itinerante, chega a uma cidade e não avista ninguém na praça. No texto original, ele diz: “Onde estão as pessoas dessa vila? Assistindo novela?”. Em seguida, vem o momento do improviso. Na apresentação de sábado em BH, Botelho acrescentou: “Ou será que estão assistindo à prisão de um ex-presidente? Ou de uma presidente ladra que vem sendo vítima de impeachment?”

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Nesse instante, ouviram-se duas ou três vaias. “Depois viraram dez, até que, de um determinado ponto do teatro, onde estavam cerca de 200 pessoas (o Sesc Paladium tem capacidade para aproximadamente mil pessoas), começaram os gritos de ‘Não vai ter golpe’. Minha primeira reação foi a de rir. ‘Mas até na minha terra isso acontece, gente?’, eu falei. Não adiantou. Uma turma se aproximou até perto do palco, com um olhar raivoso que poucas vezes vi, e continuou gritando. Houve quem pedisse silêncio, dizendo querer ver o espetáculo. Cantamos mais duas músicas, mas foi impossível continuar”, contou o ator. Como correu o boato de que esse grupo voltaria à porta do teatro antes da apresentação programada para este domingo, 20, o Sesc cancelou o espetáculo, que encerraria a temporada nesta data.

Diversas reações pipocaram na internet. Em uma delas, um ator que se identifica como Adir Assunção afirma ter enviado um e-mail para Chico Buarque dizendo que ele não podia mais conceder os direitos de uso de suas canções no musical.

O assunto também preocupou Botelho. Ainda em Belo Horizonte, ele entrou em contato com Vinicius França, empresário de Chico Buarque. “Não consegui falar com o Chico, mas eu precisava dar a minha versão”, disse Botelho. “Mesmo assim, lamento que a bela amizade que eu e o Charles (Möeller, seu parceiro) cultivamos com Chico nesses últimos anos ficasse ameaçada por esse episódio”, completou ele, pressentindo o que de fato aconteceu: a proibição, por parte do compositor, do uso das canções.

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Botelho enfrentou outro problema com a divulgação de uma gravação da conversa que ele teve com uma das atrizes do espetáculo, Soraya Ravenle, no camarim. Ela tenta acalmar o ator, argumentando que considerava um erro o acontecido, especialmente por causa da forte comoção que a política vem provocando no país nas últimas semanas.

Ao responder à atriz, Botelho diz: “O artista no palco é um rei. Não pode ser interrompido por um nego, por um filho da p… da plateia”. Diversos sites, porém, divulgam que o ator teria falado “negro”, o que também gerou uma série de acusações racistas na internet. “Eu falei ‘nego’, que é uma gíria muito usada no Rio quando se quer falar ‘cara’, ou seja, sobre alguém indeterminado.

“O governo militar interrompeu uma apresentação de Roda Viva, em 1969. E agora vocês interromperam o nosso Roda Viva“, disse Botelho, antes de sair de cena. As reações negativas, porém, convenceram Chico Buarque a não mais liberar os direitos de sua música para os espetáculos de Botelho e sua empresa. A informação veio da assessoria de imprensa do cantor.

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(com Estadão Conteúdo)

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