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‘Boyhood’: uma experiência sobre o cinema e a vida

Diretor da trilogia de ‘Antes’ (do Amanhecer, do Pôr-do-Sol e da Meia-Noite), Richard Linklater dá o passo mais ambicioso da carreira com um filme, feito ao longo de 12 anos, que acompanha o rito de passagem de um garoto para a idade adulta. Longa é cotado para várias categorias do Oscar

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
31 out 2014, 07h15

“Afinal, qual o objetivo disso tudo?” É esta pergunta, feita já no fim de Boyhood, o filme de Richard Linklater que estreia neste fim de semana no país, que levanta as questões principais do projeto mais ambicioso realizado pelo diretor da trilogia de Antes do Amanhecer (1995), Antes do Pôr-do-Sol (2004) e Antes da Meia-Noite (2013). A pergunta se refere ao próprio filme, que acompanha a trajetória de um garoto rumo à idade adulta, sem nenhuma grande história para sacudir o roteiro e tentar seduzir de modo fácil o espectador. (É por isso que começar o texto com uma informação do final não põe o longa em risco: não há qualquer mistério a ser revelado ou descoberto, o filme é ele todo um apanhado de sutilezas.) E se refere também à vida, matéria-prima do longa, por isso mesmo livre de qualquer arroubo que comprometa o que ela tem de mais comum, de corriqueiro.

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Em Boyhood, que no Brasil ganhou o subtítulo Da Infância à Juventude, o que Linklater faz é mostrar o correr do tempo – este sim dotado de um sentido claro e inexorável. Ele narra, com tudo o que há de ordinário nisso (não de extra), e sem chavões como a primeira transa, o primeiro cigarro ou o primeiro beijo, o crescimento de um menino dos 6 aos 18 anos de idade. Todo o elenco – o garoto (Ellar Coltrane), o pai (Ethan Wawke), a mãe (Patricia Arquette) e a irmã (vivida pela filha do cineasta, Lorelei) – é o mesmo, acompanhado ao longo desses anos, com um orçamento enxuto de cerca de 2,4 milhões de dólares no total.

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No lugar de surpresas e reviravoltas, o que se vê é o menino Mason lidando com o divórcio dos pais e a ausência paterna, o garoto brigando com a irmã, conhecendo e dizendo adeus aos namorados da mãe, mudando de casa uma e outra vez, mudando de corpo, de voz, de amigos. Ele recebe visitas do pai, viaja com ele, ganha um meio-irmão, é mal recebido na escola nova, começa a namorar, faz planos para a faculdade, para morar sozinho, para a vida. É a vida que se vê em Boyhood, com as pequenas dores e os pequenos prazeres inerentes a ela.

Ao lado de Mason, outro personagem importante é a mãe. Não só porque casa e descasa e muda de endereço, com a família a tiracolo, diversas vezes. Mas porque é ela quem injeta algum conflito, nas brigas com os maridos ou namorados, e quem mais sente dor, ao lado de Mason, como na cena em que tem de se despedir do filho e ficar, pela primeira vez, completamente sozinha em casa.

Ousadia e inovação nem sempre são sinônimos, mas aqui são frente e verso de uma mesma folha. A inovação e a ousadia do diretor não estão em mostrar a passagem do tempo, mas na maneira como escolheu fazê-lo, inédita no cinema. Elogiado no Festival de Sundance, em janeiro, e na Berlinale, em fevereiro, o roteiro é cotado para o Oscar da categoria – assim como Linklater desponta como favorito para a estatueta de direção, Ellar Coltrane pode levar o troféu de melhor ator e o próprio filme pode ficar com o prêmio principal da noite, no próximo 22 de fevereiro. Ainda que não ganhe nada, já é em si mesmo um troféu – é um trunfo ter finalizado um filme como esse, sem desistências ou sobressaltos no elenco.

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