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Um improvável santuário de livros

Schiphol abre sua biblioteca – a 1ª num aeroporto internacional importante

Por The International Herald Tribune
19 set 2010, 18h12

A nova biblioteca tem 12 mil livros em mais de duas dezenas de línguas, todos de autores holandeses

Peter Rasenberg não conseguia se lembrar da última vez que havia lido um livro por prazer. Assim, foi com alguma surpresa que o professor canadense encontrou-se em uma enorme poltrona, absorto em uma coleção de histórias curtas tirada da estante de uma biblioteca que encontrou escondida no meio de lojas entre o posto de controle de passaportes e o balcão de check-in.

“Normalmente não teria escolhido algo assim”, disse ele, acariciando uma antologia de ficcionistas holandeses do século 20 chamada Elogio da Navegação. Mas Rasenberg, de 51 anos, cujos pais imigraram da Holanda para Ontário depois da Segunda Guerra, disse que o livro havia despertado o interesse por suas raízes nas terras baixas. No caminho de uma visita de duas semanas à Tanzânia, Rasenberg disse que nunca havia visitado os Países Baixos. Sua estada de quatro horas no Aeroporto de Schiphol, perto de Amsterdã, por enquanto, era o mais perto que havia conseguido.

A descoberta fortuita de Rasenberg da nova Biblioteca do Aeroporto de Schiphol é precisamente a experiência que Dick Van Tol, coordenador do projeto, disse que esperava proporcionar. Inaugurado discretamente durante o verão no hemisfério norte, a biblioteca – a primeira num aeroporto internacional importante – tem 12 mil livros em mais de duas dezenas de línguas, todos de autores holandeses ou sobre temas relacionados à história e à cultura do país.

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“São 18 milhões de passageiros por ano que apenas trocam de voo em Schiphol”, cerca de 40% do tráfego total, disse van Tol, que trabalha para a ProBiblio, uma agência sem fins lucrativos que apoia bibliotecas públicas na Holanda. As escalas demoram em média entre cinco e sete horas. “A maioria das pessoas nunca sai do aeroporto, de modo que não vêem nada da Holanda.”

As primeiras discussões sobre a criação da biblioteca começaram em 2006, nos escritórios da ProBiblio, que ficam ao lado do quinto aeroporto mais movimentado da Europa. A agência apresentou sua proposta um ano depois à diretoria do Schiphol e começaram a trabalhar juntos no projeto em 2008, com um orçamento inicial de 250 mil euros.

Entre os terminais E e F e ao lado da filial do Rijksmuseum, de Amsterdã, os livros devem ser lidos no local e deixados nas estantes para que outros possam folheá-los. A biblioteca pretende oferecer e-books e música de artistas e compositores holandeses, que poderão ser baixadas de graça em laptops ou celulares. A biblioteca também está equipada com nove iPads da Apple, com conteúdos multimídia, incluindo fotos e vídeos, igualmente dedicados à cultura holandesa. Um livro de visitantes digital convida os viajantes a registrar suas reflexões ou deixar mensagens.

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“Alguém viu Caroline, nossa amada amiga?” escreveu Stone Svensson em 16 de agosto. “Ela perdeu nosso vôo vindo da Dinamarca. Por favor, avisem-na que queremos muito encontrá-la em Quito.”

O terminal estava zumbindo com passageiros, que se acotovelavam para chegar aos portões de embarque ou deslizavam impassíveis em esteiras rolantes. Enquanto isso, a biblioteca estava serenamente tranquila. Vários viajantes dormiam esparramados em generosas poltronas, dando ao espaço um ar de biblioteca universitária durante o fim de semana.

Van Tol parecia incomodado com as pessoas que não estavam lendo. “Talvez devêssemos considerar um mobiliário menos confortável.” Os iPads da biblioteca também estavam temporariamente fora de serviço. Um adolescente em trânsito conseguiu desativá-los enquanto tentava criar uma conexão gratuita com a internet, um serviço que a biblioteca não oferece.

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“A confiança é a base desse projeto”, disse van Tol. “Estamos dispostos a correr o risco de vandalismo ou que alguns livros desapareçam. Mas acho que ter segurança é muito mais caro.” Desde que o serviço foi inaugurado, em meados de julho, disse ele, apenas uma dúzia de livros sumiram. Muitos outros desapareceram temporariamente, mas voltaram às estantes quando os passageiros passaram pelo aeroporto em sua viagem de volta.

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