Tombini não vê contradição entre política monetária e medidas de estímulo ao crédito
Presidente do BC confia em recuperação econômica e desaceleração da inflação no segundo semestre
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira que, apesar de manter a Selic em níveis elevados, as medidas de estímulo ao crédito adotadas em julho não atrapalham a política monetária, que busca a estabilidade de preços. “Não há qualquer contradição ou incompatibilidade entre as ações recentes de política macroprudencial e a política monetária, uma vez que são instrumentos que têm objetivos distintos”, afirmou ele em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal. As medidas, que têm potencial para injetar 45 bilhões de reais no mercado, argumentou Tombini, buscam “assegurar a estabilidade financeira”.
Atualmente, a Selic está em 11% ao ano e, devido à fraqueza da economia mesmo com a inflação elevada, parte dos agentes econômicos acreditava que o BC poderia reduzir a taxa básica de juros em breve. O raciocínio foi enterrado com a clara sinalização dada pelo BC.
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O presidente do BC defendeu ainda que o Brasil não vive um momento de “estagflação”, com atividade econômica estagnada e inflação elevada. Apesar de mostrar confiança na recuperação econômica no segundo semestre, Tombini admitiu que o Produto Interno Bruto (PIB) ficou perto da estabilidade nos primeiros seis meses do ano. Ele destacou ainda que o setor de serviços se mantém em expansão, mas em ritmo moderado em relação a anos anteriores.
No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil subiu apenas 0,2% no primeiro trimestre de 2014, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número do segundo trimestre será conhecido em 29 de agosto. Economistas ouvidos pelo Banco Central para o relatório Focus desta semana acreditam que a economia brasileira cresça apenas 0,86% neste ano e 1,5% em 2015. As previsões só caem a cada semana.
Para Tombini, as atuais pressões inflacionárias tendem a arrefecer ou até mesmo a desaparecer nos próximos meses, defendendo que a inflação está sob controle e que fechará neste ano dentro dos limites da meta do governo (de até 6,5%). A inflação em 12 meses tem ficado acima do teto da meta oficial.
“Mantidas as condições monetárias, isto é, levando em conta estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária, a inflação tende a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção do Banco Central”, afirmou ele, repetindo a frase publicada na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulga no mês passado.
(Com agência Reuters)