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Produtividade baixa impede que o Brasil cresça mais

Segundo consultoria, entre 1990 e 2010, o PIB médio de 3,1% poderia ter sido de 4,5% se a produtividade tivesse sido maior

Por Da Redação
10 mar 2014, 10h01

A produtividade teve efeito negativo no crescimento brasileiro nas últimas duas décadas, segundo um estudo da consultoria McKinsey & Company. A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) entre 1990 e 2010 poderia ter sido 45% maior não fosse o efeito negativo da produtividade, que puxou o resultado para baixo em 1,4 ponto porcentual, de acordo com o levantamento.

O crescimento conjunto da força de trabalho, do nível de educação da população, do fornecimento de energia e do investimento em capital fixo foi de 4,5% ao ano no período. “Se a produtividade tivesse avançado o suficiente para, pelo menos, ter efeito nulo, a expansão média do PIB teria ficado em 4,5%, e não em 3,1%”, afirma Camilo Martins, sócio da McKinsey.

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Ao longo dos últimos 25 anos, a produtividade do trabalhador brasileiro cresceu, em média, 1% ao ano, nos cálculos da McKinsey. É um resultado muito inferior ao registrado por outros países em desenvolvimento, incluindo nações latino-americanas como Peru e Chile, e abaixo do avanço dos Estados Unidos, que opera historicamente em níveis muito mais elevados do que os brasileiros.

Segundo estudo da consultoria, o valor gerado pelo trabalhador americano por hora de trabalho está próximo de 35 dólares, enquanto a contribuição do brasileiro é de cerca de 5 dólares. Com a forte evolução da produtividade peruana – que foi mais três vezes superior à brasileira, entre 1988 e 2012 -, a produção do trabalhador do país em dólar encostou no resultado nacional.

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“A preocupação com a produtividade passará a ser vital para o Brasil nas próximas décadas”, segundo Henrique Teixeira, sócio da McKinsey. Com a redução da expansão demográfica, o país deverá passar pelo mesmo processo de nações desenvolvidas: uma parcela cada vez maior da expansão do PIB dependerá dos ganhos de produtividade.

Hoje, de acordo com a McKinsey, quase 70% do crescimento do PIB americano já depende de ganhos de escala. Na Europa, a totalidade do crescimento está ligada ao fator produtividade. Isso ajuda a explicar porque países mais produtivos, como a Alemanha, crescem mais do que outros menos eficientes, como Itália e Espanha.

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Dificuldades – Entre os entraves à produtividade brasileira, Teixeira destaca a infraestrutura, em especial a logística. “O investimento necessário nessa área é de 600 bilhões de dólares. E isso para que tenhamos uma estrutura comparável à do Chile e de outros países latino-americanos”, afirma. Para o sócio da McKinsey, quanto mais rápido andar o processo de privatização já em curso de portos, aeroportos e ferrovias, mais rapidamente o Brasil conseguirá reduzir essa desvantagem.

Teixeira lembra que a estratégia de repasse de investimentos à iniciativa privada deu certo no passado. Ele diz que, apesar dos problemas que persistem, o setor de telecomunicações é um exemplo positivo. “Houve um crescimento de 3.600% desde 1998. É um resultado forte.”

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A dificuldade em tirar projetos de infraestrutura do papel evidencia, na opinião do consultor econômico Raul Velloso, ex-secretário de assuntos econômicos do Ministério do Planejamento, que o governo brasileiro “desaprendeu” a investir. É por isso que ele considera as recentes concessões de projetos à iniciativa privada como um passo na direção certa.

“O governo teve muitos problemas na área de gestão e, como usa 75% do orçamento para pagar salários e benefícios sociais, também não tem dinheiro para investir”, diz o consultor. “O setor privado tem dinheiro, porque investidores do mundo inteiro têm interesse em bons projetos de infraestrutura.”

Segundo os cálculos de Renato Pavan, presidente da consultoria Macrologística, o custo logístico do Brasil – que inclui os gastos com transporte, estoque e armazenagem – é de 12,5% do PIB. “O custo da logística no Brasil é 40% mais caro do que o americano, que está em 8% do PIB”, diz o especialista.

Para o curto prazo, porém, não há solução à vista. E a safra recorde prevista para este ano só deve agravar a situação. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o valor do frete praticamente dobrou desde 2009. No início de fevereiro, o custo de transporte por tonelada entre a cidade de Sorriso (MT) e o Porto de Santos chegou a 300 reais – um recorde para o mês.

(com Estadão Conteúdo)

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