Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Marina incorpora ao ‘marinês’ o discurso econômico de Eduardo Campos

A presidenciável Marina Silva tem se mostrado cada vez mais à vontade para discutir economia, tomando para si, inclusive, frases repetidas constantemente por seu ex-companheiro de chapa

Por Talita Fernandes
3 set 2014, 07h35

A candidata pelo PSB à Presidência da República, Marina Silva, dá sinais de que incorporou à sua oratória as questões econômicas que faziam parte dos discursos de Eduardo Campos, seu companheiro de chapa morto em acidente aéreo em 13 de agosto. Conhecida por defender o meio ambiente e questões sociais, a ex-senadora tem agora concentrado boa parte de seus discursos em economia, falando sobre o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a inflação elevada e a situação crítica enfrentada pelo setor energético. Nos últimos dias, quando participou de debates, entrevistas e agendas públicas, Marina repetiu algumas vezes que Dilma “vai entregar o Brasil pior do que recebeu”, uma das frases preferidas de Eduardo Campos na hora do embate com a candidata petista.

Leia mais:

Eduardo Giannetti: ‘Correção de equívocos pode fazer Brasil se recuperar em 2015’

Programa de governo de Marina pode ser ruim para a indústria, diz banco

O que esperar da equipe econômica de Marina Silva

Continua após a publicidade

Marina põe no papel propostas para agradar o mercado

Durante sabatina promovida pelo jornal O Estado de S. Paulo na tarde de terça, em crítica ao governo Dilma, que tem colocado a culpa da contração do PIB na crise internacional, Marina dedicou boa parte de sua argumentação à condução da economia. “Eu acho que abrir mão de política econômica é criar um ambiente de insegurança como o que nós temos hoje. Todos os países que entraram em crise em 2008 já começaram a se recuperar e o Brasil, que diziam que era apenas uma marola, está sendo tragado, com o risco de ser tragado por um tsunami. Exatamente porque não fez o dever de casa”, disse.

A preocupação com a área econômica se traduziu num capítulo detalhado do programa de governo apresentado por Marina na última sexta-feira. No texto, as promessas vão desde a autonomia formal do Banco Central, criação de um comitê fiscal e compromisso com o tripé macroeconômico – formado por metas rígidas de inflação e superávit primário e câmbio flutuante. Esses pontos foram vistos de forma positiva pelo mercado, como sinalização de correções na condução econômica do país, que está sob forte intervenção estatal e é penalizada pelo afrouxamento das metas de inflação e fiscal.

Na sexta, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a economia brasileira encolheu 0,6% no segundo trimestre, colocando o país em recessão técnica, Marina disse que o resultado do PIB é muito preocupante e assumiu compromissos para tirar o Brasil da atual situação.

Continua após a publicidade

As chances de Marina vencer as eleições – e, principalmente, de que a presidente Dilma Rousseff seja derrotada nas urnas – têm animado o mercado: o Ibovespa registrou o melhor desempenho para o mês de agosto desde 2003, com valorização acumulada de 9,78%. O resultado tem se refletido positivamente no câmbio e o dólar tem mantido uma trajetória de queda, na casa de 2,20 reais.

A defesa por medidas ortodoxas na economia tem rendido também críticas de seus adversários na corrida presidencial. O candidato tucano Aécio Neves sugeriu que as propostas para a economia apresentadas por Marina são uma cópia do que ele e seu partido defendem. Já alguns nomes do PT têm dito que Marina, que foi filiada ao partido por trinta anos, “endireitou”. Na terça, o senador petista Humberto Costa chamou Marina de “FHC de saias”, uma inversão do apelido de “Lula de saias”, que ganhou por ter trajetória de vida com pontos em comum com o ex-presidente Lula. Marina tem combatido as críticas valendo-se da retórica do fim da “polarização”. “Acho que o Brasil precisa avançar para uma institucionalização das conquistas dos brasileiros. A estabilidade econômica, que começou no governo Fernando Henrique, deve ser referenciada nesse governo, mas não pode mais ser a política do Aécio ou do Fernando Henrique”, disse, exemplificando também as medidas na área social. Coisa semelhante aconteceu com Campos: ao defender pontos em comum com o PSDB, especialmente no meio econômico, o ex-governador chegou a ser criticado por não se mostrar um candidato distinto de Aécio, com quem costumava ter uma relação amistosa.

Energia – Um dos pontos que aparecem com frequência nas falas de Marina, e que costumavam estar na boca de Campos, são as críticas ao setor energético, especialmente à Petrobras. O ex-governador de Pernambuco chegou a afirmar que a presidente Dilma “tem tudo a ver” com a crise da Petrobras, que enfrenta problemas financeiros e está no centro de uma série de escândalos, como a compra da refinaria de Pasadena e a Operação Lava Jato. Sobre o represamento dos preços dos combustíveis, controlados pelo governo para evitar uma alta ainda maior da inflação, Campos também disse que Dilma havia “guardado na gaveta” o aumento da gasolina para depois da inflação.

Marina tem repetido o discurso: diz que a Petrobras não pode ser utilizada politicamente e que as contas dos combustíveis “já sobraram para o povo”. Após o debate promovido pelo SBT na segunda-feira, a ex-senadora afirmou que Dilma, que sempre esteve ao lado das estatais, é a responsável pelas perdas da petroleira. “Ela, que tanto defendia a proteção das estatais brasileiras, colocou a Petrobras numa situação de muita dificuldade. A grande ameaça ao pré-sal, a que ela tanto se refere, é a ameaça que ela mesma representa”, disse em resposta às críticas feitas pela petista de que Marina subestimou a importância do pré-sal em seu plano de governo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.