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Inflação dá sinais de trégua – mas não por muito tempo

Com aceleração da queda dos juros, controle inflacionário passa para segundo plano e analistas já revisam para cima projeções para o IPCA em 2013

Por Ana Clara Costa e Lucas Sampaio
9 mar 2012, 13h32

Bastou o Índice Nacional de Preços ao Consumidos Amplo (IPCA), medida oficial da inflação, manter um ritmo constante de desaceleração para que, finalmente, após quase dois anos, o mercado voltasse a apostar em uma volta do indicador ao centro da meta de 4,5% ao ano. O número de fevereiro, que ficou em 0,45%, corrobora o cenário de perda de força do índice. Contudo, a queda de 0,75 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic), anunciada na última quarta-feira, coloca em xeque a essa tendência de queda. Analistas ouvidos pelo site de VEJA acreditam que a aceleração do corte de juros passa o recado claro de que o governo, alinhado com o Banco Central, sacrificará novamente o controle da inflação em detrimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Um número emblemático para definir esse cenário foi o último resultado da produção industrial, que encolheu 2,1% em janeiro – dado que veio pior do que as expectativas dos analistas mais ortodoxos. O indicador foi interpretado pelo governo como um sinal de que a economia estava prestes a levar um novo tombo – e precisava de socorro. “A inflação em 2012 tem vindo levemente abaixo do que se esperava e a atividade industrial também. E essa é a conjuntura perfeita para o BC acelerar a queda de juros e também para reacelerar a inflação e a atividade nos próximos meses”, avalia o economista Sérgio Vale, da consultoria MB Associados.

Esse enigma econômico de manter o alto crescimento e a inflação sob controle parece estar longe de uma resolução no Brasil. Em uma metáfora simplista – porém real – o PIB se configura cada vez mais como o filho preferido de um governo desenvolvimentista, e a inflação permanece como o rebento renegado. Quando o primeiro apresenta o menor sinal de fraqueza, todos os esforços se voltam para reanimá-lo. Já o segundo agoniza, descompassado, ano após ano, sem que haja uma mobilização maior para colocá-lo no prumo.

Ao que tudo indica, a partir de agora, a presidente Dilma passará a acompanhar com mais atenção – e talvez certa obsessão – as previsões do mercado para o PIB de 2012. Economistas acreditam que o foco em crescimento que a presidente nutre tem um componente suplementar. Ocorre que, caso o Brasil cresça 3,5% neste ano – como estima o último boletim Focus -, Dilma terá o segundo pior resultado de crescimento médio em dois anos de governo dos últimos 60 anos. Só não perderá para a gestão Collor, quando o PIB avançou 1,5% em 1991 e recuou 0,5% em 1992.

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Para não ser alvo de semelhante comparação, a chefe do Executivo não medirá esforços para chegar ao PIB almejado, que está entre 4,5% e 5% para este ano. “Com isso, voltará à tona toda a discussão de que a inflação no governo Dilma ficará sistematicamente acima da meta ao longo de todo o mandato”, diz Vale.

A contrapartida disso será inflação maior já em 2013, segundo as projeções. “Antes do Copom, prevíamos a inflação em 5,3% para o ano que vem. Agora, consideramos um número mais próximo de 6%. No primeiro semestre deste ano, vamos continuar sentindo a desaceleração, mas dentro de um ano, que é quando os efeitos das medidas serão sentidos, o cenário inflacionário tende a piorar”, diz Flavio Serrano, economista-sênior da BES Investimentos.

Alimentos – A desaceleração dos preços no último mês foi estimulada, sobretudo, pelo grupo Alimentos, cujo índice passou de 0,86% em janeiro para 0,19%. Contudo, na avaliação de Serrano, não fosse por isso o indicador continuaria mostrando sinais ruins. “A economia brasileira não enfrenta choques que pressionem a inflação neste momento. Pelo contrário. O choque de commodities atual é benigno, puxando a inflação de alimentos para baixo. Quando houver um fator que pressione o índice para cima, a inflação pode facilmente chegar em 7%”, afirma o economista.

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