Em maio, taxa de juros do crédito é a menor da história
Taxa média anual recuou para o menor patamar da série histórica, de 38,8%
Consumidores nunca pagaram juros tão baixos para a tomada de crédito em instituições financeiras. Segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Banco Central (BC), em maio, as taxas médias de juros das operações de crédito para pessoas físicas atingiram o menor patamar da série histórica, recuando para 38,8% ao ano. Desde o início da pesquisa, em 1994, a menor taxa havia sido registrada em 2010: 39,1% ao ano. Essa queda, de acordo com o BC, reflete o repasse dos cortes feitos na Selic nos juros do crédito ao consumidor. “Não vemos queda nesse nível desde 2003”, afirma o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel.
Contudo, a redução foi além de uma mera paridade com os cortes na Selic. Segundo o BC, os bancos também reduziram o spread, que é a diferença entre a taxa que os bancos pagam para captar dinheiro e os juros cobrados dos clientes pessoa física. Exemplo disso é que, enquanto os juros pagos pelos bancos recuaram 3,5 pontos porcentuais desde agosto de 2011, a queda no juro cobrado pelas instituições recuou mais: 7,4 pontos porcentuais.
Esse movimento foi possível graças à trajetória de corte nos juros iniciada pelo Banco do Brasil, e seguida por todas as demais grandes instituições financeiras, que se viram pressionadas a derrubar taxas para manter seus clientes. A política agressiva de aumento de crédito e redução do spread tem sido uma marca do governo Dilma. Além de chamar os presidentes dos maiores bancos brasileiros para cobrar uma atuação mais condizente com a realidade do país (de juros mais baixos), a presidente tem criticado abertamente as instituições. O discurso do governo é de que o Brasil de hoje é muito diferente – com economia mais estável e sólida – de antigamente. E, por essa razão, exige um posicionamento diferente dos bancos.
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Em contrapartida, enquanto o governo estimula o crédito, a inadimplência tem subido. O crédito total disponibilizado no Brasil subiu 1,7% em maio, representando 50,1% do Produto Interno Bruto (PIB), ou 2,136 trilhões de reais. Por outro lado, a inadimplência ficou em 6% no mês passado, maior nível desde o início da série histórica, que começou em junho de 2000. Em abril, a inadimplência havia ficado em 5,9%. O calote de pessoa física subiu 0,2 ponto percentual em maio, para 8%, já a inadimplência de empresas ficou estável pelo quarto mês consecutivo em 4,1%.