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Copom corta Selic em 0,5 ponto porcentual

Com a nova redução, taxa de juros fica em 8,5% ao ano, o menor valor já registrado no país. Corte reduzirá rendimento da caderneta de Poupança para menos de 6% ao ano.

Por Anna Carolina Rodrigues
30 Maio 2012, 20h14

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central confirmou a previsão dos analistas de mercado de dar continuidade à politica de corte de juros e reduziu a Selic em 0,5 ponto porcentual, em decisão unânime. Fixada agora em 8,5%, sem viés, a taxa alcança o menor índice já registrado. Até hoje, a menor “meta” para taxa de juros na economia brasileira havia sido de 8,75% ao ano, fixada pelo BC entre julho de 2009 e abril de 2010.

Em nota, o Copom disse considerar que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação e que dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária.

A decisão do órgão foi baseada, sobretudo, no persistente cenário de desaceleração da economia brasileira, que vem respondendo de maneira insatisfatória aos constantes cortes na Selic. Analistas esperam que o Produto Interno Bruto (PIB) trimestral, que será divulgado na próxima sexta-feira, mostre alta de 0,3% a 0,5%, número muito inferior às expectativas otimistas do final de 2011. “A indústria está com uma quadro baixo de investimento e os dados de concessão de crédito também estão menores do que o esperado”, afirma Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora.

A piora da crise internacional desde a última reunião do Copom também justifica a nova redução dos juros. Segundo analistas ouvidos pelo site de VEJA, a tensão no cenário global já afeta a confiança do empresariado e do consumidor – o que prejudica o principal objetivo do governo nos dias de hoje: o aquecimento do mercado interno. Além disso, a desaceleração do crescimento de nações desenvolvidas e dos emergentes afeta diretamente o setor exportador do país, além dos investimentos vindos do exterior.

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Segundo Padovani, os cortes devem prosseguir de maneira mais moderada, de 0,25 ponto porcentual, nas próximas reuniões. A estimativa do economista é de que a Selic encerre o ano a 8%. Os juros, no entanto, devem voltar a subir assim que a atividade econômica seja retomada, avalia o economista.

Política monetária inversa – Para o economista Flávio Serrano, do BES Investimentos, a economia brasileira ainda está sob os efeitos do período de arrefecimento econômico do início de 2011, quando o governo aumentou os juros e segurou o crédito, com o objetivo de controlar a inflação. “O BC teve uma reversão de política: até julho do ano passado, foi apertada. Em agosto, passou a ser de afrouxamento. Ele nunca havia feito isso”, afirma.

Já André Perfeito, economista-chefe do Gradual Investimentos, acredita que a constante redução de juros é uma forma de o BC restaurar a postura de instituição autônoma em relação ao Palácio do Planalto, algo que havia sido colocado em xeque em 2011. “Se o BC acredita que a crise internacional é motivo para se cortar juros, que se mantenha fiel a isto. Se o BC fraquejar nessa postura, o mercado irá perceber e a volatilidade das projeções se tornarão maiores”, afirmou em relatório. Perfeito previa um corte mais “agressivo” entre 0,75 e 1 ponto porcentual, com a taxa fechando o ano a 6% em 2012.

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Reaquecimento econômico – Os economistas apostam na recuperação da atividade econômica já a partir do segundo semestre, período em que deve terminar a defasagem entre os cortes de juros feitos no final do ano passado. Para eles, os efeitos dessas reduções anteriores devem começar a aparecer e a reaquecer a economia interna. “Os efeitos estão mais suaves do que o imaginado em parte porque o mercado de crédito no Brasil está enfraquecido e isso tem atrapalhado a plena eficácia dos incentivos já anunciados”, afirma Padovani, da Votorantim Corretora. A única preocupação, na avaliação do mercado, está relacionada à inflação. Com os cortes sucessivos na Selic, as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine 2013 perto de 6%, acima dos 5% esperados para este ano.

Poupança – Com o novo corte que fixou a Selic em 8,5%, passa a valer a nova remuneração da poupança, cujas regras entraram em vigor no dia 4 de maio deste ano. Assim, a correção mensal da caderneta será feita pelo número equivalente a 70% da taxa básica de juros mais a variação da Taxa Referencial (TR). Se a Selic se mantivesse em 9% ao ano, o rendimento permaneceria no nível atual: 0,5% ao mês mais a variação da TR. Contudo, com a redução, a rentabilidade mensal cai para 4,8%, o que faz com que o resultado anual, já acrescentada a TR, fique em 5,95% para os depósitos feitos após a nova regra. Já os antigos, feitos antes das mudanças no cálculo, terão rentabilidade de 6,17%, segundo a simulação feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).

Leia também:

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