Dólar sobe e volta a bater a marca de R$ 3,80
Investidores estão recorrendo à proteção da divisa americana em meio às incertezas políticas do país e à divulgação de dados fracos da economia chinesa
O dólar subia mais de 2% no início dos negócios desta terça-feira, acompanhando o avanço da divisa norte-americana frente a outras moedas emergentes após a divulgação de indicadores da economia chinesa e em meio às crescentes preocupações com a crise política no Brasil.
Por volta das 15h39, a divisa subia 2,78%, sendo negociada a 3,86 reais. Logo no início do pregão, a moeda já havia ultrapassado a barreira dos 3,80 reais.
“A semana passada foi bastante positiva nos mercados externos, mas o humor virou hoje com os dados da China”, disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato, acrescentando que “a questão do impeachment vai ser o grande tema desta semana”.
No Brasil, o mercado digeria as notícias de que o presidente da Câmara dos Deuputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pode dar uma resposta nesta terça-feira sobre o pedido de abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O cenário, no entanto, continua turvo, ainda mais após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki de barrar uma manobra regimental combinada entre Cunha e a oposição para levar adiante o processo de impedimento.
A oposição também deve apresentar hoje um aditamento ao pedido de afastamento da presidente, no qual acrescenta que o governo manteve neste ano as chamadas “pedaladas fiscais”, que resultaram na reprovação das contas de 2014 pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
No cenário externo, a China divulgou nesta terça dados sobre o desempenho da balança comercial. As exportações caíram menos do que o esperado em setembro, mas uma queda mais forte nas importações deixou economistas divididos sobre se o setor comercial do país está se recuperando.
As exportações tiveram queda de 3,7% em relação ao mesmo período do ano passado, contra queda de 6,3% projetada por economistas e recuo de 5,5% em agosto. Entretanto, as importações por valor total caíram pelo décimo primeiro mês seguido, perdendo mais de 20% em setembro na comparação anual devido aos preços mais baixos das commodities e à demanda doméstica fraca, o que continuará a complicar os esforços de Pequim para conter a deflação. Isso reforça as expectativas de que a China voltará a cortar a taxa de juros nos próximos meses e anunciará outras medidas para evitar uma desaceleração econômica ainda mais forte.
Na última semana, o dólar teve a maior queda semanal desde o final de 2011, com baixa de 4,74%. Apesar de na semana passada ter saído a decisão do TCU pela reprovação das contas, o mercado reagiu mais forte à última ata do Fed (Federal Reserve, banco central americano), que reforçou as apostas dos operadores de que os juros americanos só serão reajustados no próximo ano.
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(Com agências)