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Preservação da biodiversidade na Mata Atlântica custaria 0,01% do PIB

Estudo brasileiro concluiu que 30% da floresta precisa ser preservada em áreas agrícolas para a manutenção das espécies que a habitam

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h10 - Publicado em 29 ago 2014, 21h05

Um novo estudo brasileiro mostra que seria possível recuperar a Mata Atlântica em propriedades agrícolas com um investimento de apenas 0,01% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores selecionaram propriedades que apresentam pelo menos 20% de floresta conservada e calcularam o quanto seria necessário para aumentar a área preservada para 30%. Com 198 milhões de dólares, seria possível restaurar 424.000 hectares de Mata Atlântica. A pesquisa foi publicada na revista Science, na quinta-feira.

Com essa porcentagem, seria possível manter nas propriedades agrícolas a biodiversidade em nível semelhante ao das áreas de proteção. Além disso, a preservação de 30% da Mata Atlântica também traria benefícios aos agricultores. “Seria possível trazer de volta para as propriedades agrícolas muitas espécies que realizam funções importantes no ecossistema, como polinização e controle de pestes”, disse ao site de VEJA a brasileira Cristina Banks-Leite, professora do Imperial College, na Grã-Bretanha, e principal autora do estudo.

O valor que seria necessário investir para atingir os 30% corresponde a 6,5% do que o Brasil gasta anualmente com subsídios agrícolas. Ele inclui os gastos com a recuperação da floresta e também o que seria pago aos agricultores. A “indenização” foi calculada com uma média dos valores praticados pelos programas desse tipo que já existem na Mata Atlântica. “Na prática, algumas áreas seriam mais caras do que outras. Essa estratégia não seria eficaz em lavouras de laranja ou cana-de-açúcar, mas produtores que muitas vezes têm prejuízo dependendo do clima ou da balança comercial, como na lavoura de tomate ou morango, ficariam interessados nessa estratégia”, afirma a pesquisadora.

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Após três anos de funcionamento, o valor desse projeto cairia. A área reflorestada já poderia se manter sozinha, sem ajuda externa, de forma que sobraria apenas o valor pago aos agricultores, que representaria 0,0026% do PIB. “A partir do quarto ano seria possível restaurar outras áreas de Mata Atlântica com o investimento inicial, então essa é uma estratégia que pode ser adaptada à medida que o tempo for passando”, diz Cristina. Ela alerta que o ideal seria passar dos 30%, para haver uma margem de segurança na biodiversidade.

Para a pesquisadora, esse projeto poderia evitar uma polarização entre os interesses de ambientalistas e agricultores. “Seria uma boa ideia tanto para cientistas e conservacionistas quanto para os fazendeiros, que se beneficiariam tanto pelos recursos ecológicos quanto pelos recursos financeiros que receberiam”, explica. Ela é otimista quanto à possibilidade do projeto se concretizar: “o trabalho saiu hoje e eu já vi pessoas comentando que essa é uma estratégia que eles já queriam levar adiante, mas não tinham argumentos, faltava o apoio científico. Eu acho que existe interesse político e dinheiro disponível no momento, então é um momento propício”, afirma.

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